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Novembro, o mês da Consciência Negra, foi instituído em âmbito nacional por meio da Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. O dispositivo legal oficializa 20 de novembro como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, data do falecimento de Zumbi dos Palmares. Anos antes, entretanto, entidades, movimentos sociais, organizações e representantes de diversos setores da sociedade já se mobilizavam nesse período com manifestações sobre a luta contra o racismo e pela igualdade racial.

O I Encontro da Rede IFBA em celebração ao Dia Nacional da Consciência Negra, que será realizado nos próximos dias 26 e 27 de novembro, entre outros objetivos, visa valorizar as ações do Novembro Negro que já foram realizadas no IFBA e disponibilizar essa memória para a comunidade. O Novembro Negro no IFBA tem o propósito de valorizar e reforçar a identidade do povo negro, como ação de enfrentamento à desigualdade racial.

O conteúdo desta página integra as ações de celebração do Novembro Negro no IFBA.


Teste seus conhecimentos sobre esta data importante e as lutas e conquistas do povo negro.



NOVEMBRO NEGRO: I Encontro da Rede IFBA começa na quinta-feira (26)

O evento, que celebra o Dia Nacional da Consciência Negra, é uma ação inédita da Reitoria do IFBA, em articulação com a Diretoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis, as Pró-reitorias de Ensino (Proen) e Extensão (Proex), e parceria com os campi. 

Nos próximos dias 26 e 27 de novembro o I Encontro da Rede IFBA vai reunir gestoras(es), docentes, discentes, técnicos(as) administrativos, terceirizadas(os) e comunidade externa, para celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro).  As inscrições para o evento, em formato online, podem ser feitas no site do encontro.  

Marcado por comemorações, manifestações e debates, o dia 20 de novembro consta no Calendário Escolar (Lei 10.639/03) e é considerado uma das mais importantes datas que lembram e prestam homenagens aos processos de resistência dos negros no Brasil e aos africanos e seus descendentes.

De acordo com a equipe organizadora, a ideia é possibilitar um espaço de formação, de fortalecimento de ações em rede dos campi do IFBA nas políticas que dizem respeito ao enfrentamento ao racismo na educação e na sociedade.  O I Encontro da Rede IFBA tem também como objetivo a valorização das memórias de ações importantes “que fizeram do IFBA uma instituição com sujeitas e sujeitos que tencionaram, tencionam e constroem ações importantes na valorização da diversidade étnico-racial, na implementação da Lei Federal 10.639/03 e no enfrentamento ao racismo institucional no IFBA”, detalha o texto que descreve a proposta do evento.

Confira a programação do evento, disponível também no site do I Encontro da Rede IFBA em celebração ao Dia Nacional da Consciência Negra.

ABERTURA
QUINTA-FEIRA (26), das 14h às 14h30
Com a participação da reitora do IFBA, Luzia Mota

O QUE É SER ESTUDANTE NEGRO NO IFBA?
QUINTA-FEIRA (26), das 14h30 às 17h
Estudantes quilombolas de Santo Amaro - Maria Aparecida Brandão Farias (Comunidade Quilombola: Engenho da Cruz, Kaonge) e Matheus Adriel Souza Santos - curso de Técnico em Seg. do Trabalho (Ilhéus), Emanuel Matos Santos (4o ano/ Informática Integrado - Seabra), Leonardo Henrique de Oliveira (4o ano / Informática Integrado - Seabra)

POLÍTICAS DE IGUALDADE RACIAL PARA O POVO NEGRO NO IFBA
QUINTA-FEIRA (26), das 19h às 21h
André Rosa Martins - Gestão de igualdade racial no IFBA: projetos e ações
Jacineide Arão dos Santos - O papel do NEABI
Soraia Brito - O Papel das Diretorias de Ensino, Diretorias Pesquisa e Diretorias de Extensão
RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS NOVEMBROS NEGROS – MOSTRA DE VÍDEOS

ARTE NEGRA E RESISTÊNCIA
SEXTA-FEIRA (27), das 14h às 16h
Pamela Pelegrino (UFSB)
Valquiria Lima (Campus Feira de Santana/IFBA)
Leno Sacramento (Bando de Teatro do Olodum)
Lazzo Matumbi (cantor e compositor)

TRAJETÓRIA DE MULHERES NEGRAS NO PODER DO IFBA: DESAFIOS DE GÊNERO E RAÇA
SEXTA-FEIRA (27), das 19h às 21h
Geny Aires, diretora-geral do Campus Valença (IFBA)
Nívea Cerqueira, pró-reitora de Extensão do IFBA
Cristiane Copque (Campus Salvador/IFBA)



Canções que celebram e traduzem a força e a beleza das negras e negros.



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ZUMBI DOS PALMARES

Zumbi foi um líder quilombola brasileiro nascido em 1655.  Estudos históricos apontam que foi casado com Dandara dos Palmares, que lutava ao seu lado em prol da liberdade dos negros em condição de escravidão. Zumbi era sobrinho de um importante nome nesta luta - Ganga Zumba, líder do Quilombo dos Palmares.  Quando tinha apenas seis anos, foi aprisionado pela expedição de Brás Cubas e entregue aos cuidados do missionário Padre Antônio de Melo, sendo assim catequizado e batizado na fé católica. Aos 15 anos fugiu, retornando ao quilombo onde morara - e lá foi ganhando notoriedade ao defender o povo dos ataques portugueses. Mantendo sempre sua postura de enfrentamento e desafio, em 1680 assumiu o lugar de seu tio no posto de líder. Zumbi dedicou sua vida à proteção e luta pela liberdade dos moradores do quilombo, tendo se tornado, assim, figura importante na construção da noção de resistência negra. No dia 20 de novembro de 1695, Zumbi foi assassinado pelo capitão Furtado de Mendonça - e a data de sua morte tornou-se o Dia da Consciência Negra como forma de homenagem e resistência.

DANDARA DOS PALMARES

Não há registros do local onde nasceu, nem da sua ascendência africana. Relatos e lendas levam a crer que nasceu no Brasil e se estabeleceu no Quilombo dos Palmares enquanto criança, tendo se juntado a grupos de luta contra o sistema escravocrata. Esposa do líder negro Zumbi dos Palmares, detinha habilidades ímpares na capoeira, lutando nas batalhas decorrentes dos ataques a Palmares (situada na então Capitania de Pernambuco, correspondente ao estado de Alagoas). Após ser presa, cometeu suicídio para não retornar à condição de pessoa escravizada. Dandara foi um importante nome na luta contra o sistema colonial escravocrata e foi declarada Heroína da Pátria, de acordo com a Lei nº 13.816, de 24 de abril de 2019, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.

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MARIA FELIPA

Não há registro da data de nascimento de Maria Felipa, que nasceu na ilha de Itaparica e morreu no ano de 1873. Foi pescadora e trabalhadora braçal, tendo participado da luta pela Independência da Bahia de 1822 a 1823 e liderado grupos de defesa da ilha compostos por mulheres negras, índios tapuias e tupinambás. No dia 26 de julho de 2018, teve seu nome incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria Brasileira pela Lei Federal nº 13.697 - assim como Dandara dos Palmares. Sua figura histórica é citada no romance “O Sargento Pedro”, de Xavier Marques.

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ABDIAS DO NASCIMENTO

Abdias nasceu no Rio de Janeiro, no dia 14 de março de 1914, filho de Dona Josina, a doceira da cidade, e Seu Bem-Bem, músico e sapateiro. Embora de família pobre, conseguiu se diplomar em contabilidade em 1929. Aos 15 anos alistou-se no exército e foi morar na capital São Paulo, onde anos depois se engajou na Frente Negra Brasileira e se envolveu na luta contra a segregação racial. Desde jovem dedicou-se à arte (poesia, dramaturgia e atuação) como forma de expurgar o que lhe doía. Com o enrijecimento da ditadura militar (1964-1985), se exilou por 13 anos no exterior e, após seu retorno ao país, inseriu-se na vida política, tendo sido deputado federal e senador da República. Em 2009, devido à sua atuação na luta pelos direitos da população negra, foi indicado ao Prêmio Novel da Paz. Faleceu em 23 de maio de 2011, em sua cidade natal, vítima de insuficiência cardíaca.

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MILTON SANTOS

Milton de Almeida Santos (3 de maio de 1926 – 24 de junho de 2001) nasceu no pequeno município baiano de Brotas de Macaúbas. Ainda criança, se mudou diversas vezes para outras cidades do interior até chegar a Salvador, onde ingressou no internato do Instituto Baiano de Ensino – tendo início ali seu interesse por geografia. Durante sua juventude, ingressou na militância em prol dos direitos humanos, se formou em direito e prestou concurso para professor catedrático no Colégio Municipal de Ilhéus. Em 1964, ano do golpe que deu início à ditadura militar no Brasil, Milton foi preso e, quando liberado, recebeu convite para atuar na Universidade de Tolouse-Le Mirail - porém estava impedido de deixar o país. Raymond Van der Haegen, cônsul França na Bahia, junto a outras personalidades locais importantes, intervieram junto às autoridades militares para permitir sua saída. Assim feito, Milton recebeu o título de Doutor Honoris Causa – o primeiro de 20 que recebeu em sua carreira. Tendo dedicado sua vida aos estudos e ensino – sobretudo de geografia - sempre apresentou um posicionamento crítico ao sistema capitalista.

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MÃE MENININHA DO GANTOIS

Maria Escolástica da Conceição Nazaré, mais conhecida por Mãe Menininha do Gantois, é uma das mães de santo mais admiradas e conhecidas do Brasil. Descendente de africanos escravizados, nasceu em Salvador no dia 10 de fevereiro 1894. Ainda criança, foi escolhida para ser Iyá kekerê (mãe pequena, cargo de suma importância no candomblé, delegado a pessoas de confiança na casa) num terreiro que pertencia a sua bisavó, conhecido como Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê - e desde então se envolveu profundamente com a religião candomblecista. Durante sua trajetória, presenciou e lutou contra diversos episódios de perseguição ao candomblé, como a interrupção súbita de suas práticas através da chegada violenta da polícia. Mãe Menininha morreu de causas naturais na capital baiana, no dia 13 de agosto de 1986.

Colaboração: Eduarda Macêdo (Duda D'Oyá)

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CONCEIÇÃO EVARISTO

Conceição Evaristo é uma escritora brasileira nascida numa família pobre em Belo Horizonte, no dia 29 de novembro de 1946. Foi a primeira de sua casa a se formar no ensino superior, tendo conciliado estudos e trabalhos domésticos para auxiliar sua mãe a sustentar seus nove irmãos. Nos anos 1980, estreitou laços com o coletivo cultural Quilombhoje e, na década de 1990, estreou na literatura com obras publicadas na série Cadernos Negros, abordando temas referentes à discriminação racial, de classe e de gênero. É mestra em Literatura Brasileira, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e doutora em Literatura Comparada, pela Universidade Federal Fluminense (UFF), além de militante do movimento negro com grande participação na militância política social.

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MACHADO DE ASSIS

Considerado o maior nome da literatura do Brasil, Machado de Assis (21 de junho de 1839 - 29 de setembro de 1908) se dedicou a quase todos os gêneros literários, sendo poeta, jornalista, romancista, dramaturgo, cronista e folhetinista. Testemunhou a abolição da escravatura e diversos outros eventos de importância global, tendo sido importante relator e comentarista dos eventos sociais e políticos de seu tempo. Nascido de família com poucos recursos, nunca frequentou a universidade, tendo sido autodidata nas atividades que exercia, suprindo-se intelectualmente. Durante sua vida, publicou obras importantes como “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Dom Casmurro” e “Quincas Borba” - além de ser fundador e primeiro presidente unânime da Academia Brasileira de Letras. Com grande relevância e importância intelectual, o racismo, ainda muito presente, caiu sobre sua imagem. Seus traços eram manipulados em pinturas de forma a embranquecer sua figura. Apenas em 1957, quase 50 anos após sua morte, uma foto de Machado foi divulgada sem retoques pelo escritor Rubens Magalhães: ela mostra o autor com pele escura e traços afrobrasileiros - exibindo a verdadeira imagem do neto de alforriados que sempre defendeu a abolição da escravatura.

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 LUIZ GAMA

Nascido em Salvador, no dia 21 de junho de 1830, Luiz Gama foi vendido como escravo aos dez anos de idade, permanecendo analfabeto até os 17. Conquistou judicialmente sua própria liberdade, passando a atuar na advocacia em prol dos cativos - já sendo, aos 29 anos, um autor consagrado e considerado o maior abolicionista do Brasil. Carregado de paixão, suas biografias sempre o retratam como um homem inteligente e cativante. Foi o único intelectual negro e autodidata do Brasil escravocrata. Dedicou sua vida a ser um proporcionador da emancipação de negros, cativos e outras classes menos favorecidas - tendo estimado em sua carta autobiográfica que 500 escravos já haviam sido libertados por ele. "O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa", afirmou Luiz Gama durante um julgamento. Lutou ferrenhamente pelo fim da monarquia e abolição da escravidão, porém veio a falecer de diabetes seis anos antes da concretização destas causas.

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MARIELLE FRANCO

Nascida em 27 de julho de 1979, no Rio de Janeiro, Marielle Franco foi uma socióloga brasileira militante e ativista do movimento negro, além de importante figura política. Feminista e defensora dos direitos humanos, elegeu-se vereadora da capital do Rio de Janeiro, em 2016, tendo redigido e apresentado no seu primeiro ano de exercício do mandato mais de 15 projetos de lei com foco na proteção do direito das mulheres, de negros e moradores de favelas e da população LGBTQIA+.  Marielle foi executada no dia 14 de março de 2018, após participar de um debate na Casa das Pretas - e a motivação do crime aponta para causas políticas. Após seu falecimento, a comunidade militante em prol dos direitos humanos iniciou a campanha "Sementes de Marielle", por meio da qual realizam diversos debates e ações de enfrentamento à discriminação de raça, classe e gênero.

FICHA TÉCNICA
Ilustração: Raiana Britto
Pesquisa e textos: Bárbara Souza, Isadora Melo e Luize Meireles
Programação visual: Laís Andrade e Raiana Britto
Criação da playlist: Ivo Chaves
Montagem do quiz: Ivo Chaves