O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA Campus Seabra iniciou suas atividades no segundo semestre de 2011 com o objetivo de atender o território da Chapada Diamantina. Por meio de uma sala cedida pela UNEB, funcionou parcialmente até o mês de dezembro. Após estabelecidas a água canalizada e energia elétrica no campus, as aulas tiveram início em 2012 com os cursos Técnicos em Informática, na forma integrada, e em Meio Ambiente, na forma subsequente, nos turnos matutino e vespertino. A partir de 2014 passou a ofertar o Curso Técnico de Meio Ambiente, na forma integrada, ao Ensino Médio. A estrada vicinal que ligava a cidade ao IFBA teve o início da sua pavimentação em 2018 e, com as constantes interrupções dos trabalhos, a previsão de conclusão dos seus 1,8 km de asfalto se estende para o ano 2020. Com acesso precário e sem iluminação, a oferta de cursos no turno noturno sempre foi um anseio da comunidade e motivo de muita luta.
O Campus de Seabra localiza-se em uma das cidades mais populosas da região da Chapada Diamantina, com população estimada em 40.901 habitantes.[1] Com uma área de 2.402,170 Km2, o município está a 830m de altitude acima do nível do mar, possuindo um clima seco e sub-úmido, destacando-se a Serra do Gado Bravo, a 1.300m acima do nível do mar, como o ponto culminante do município. A temperatura é média, considerada uma das mais baixas da região, sendo de 21°C; e a mais alta de 25,7°C. A vegetação característica é a de caatinga – apresentando-se arbórea densa com palmeiras e arbórea densa sem palmeiras. A economia é baseada na agricultura, no comércio, em pequenas indústrias, na extração de minérios, dentre outros. Devido à proximidade com os municípios de Lençóis, Palmeiras e Iraquara, o município de Seabra abriga o excedente turístico dessas cidades, famosas por suas belezas naturais.
Especificamente, quanto ao contexto brasileiro e também regional, Seabra fica situada em uma das regiões prioritárias para a implementação de novos projetos de desenvolvimento sustentável devido às suas vantagens comparativas, como produção edafoclimáticas e posição geográfica. A sua viabilização depende de estratégias de promoção de investimentos e a oferta de tecnologias que promovam o crescimento de atividades socioprodutivas e, consequentemente, o desenvolvimento ordenado da região.
O Território da Chapada Diamantina (BA), localizado na região central do estado, ocupa uma área de 30.254,50 quilômetros quadrados, sendo composto por 23 municípios. Sua população é de aproximadamente 349.552 habitantes, dos quais 203.406 (58,19%) vivem na área rural, e o IDH territorial é 0,650. O Território conta ainda com 37.722 agricultores familiares, 3.534 famílias assentadas, 179 pescadores e 27 comunidades quilombolas. A região é diversificada em termos de vegetação (áreas com mata atlântica, cerrado, pantanal entre outras), clima e altitude, o que propicia cultivo de plantas tropicais (ex. banana, abacaxi, flores) e de clima temperado (ex. maçã, batata, pêssego, trigo). [2]
Com a segunda maior extensão territorial do estado da Bahia, dentre os territórios de identidade, a Chapada Diamantina apresenta uma diversidade em relação aos seus recursos naturais que oportunizam o surgimento e desenvolvimento de atividades relacionadas ao agronegócio, ao turismo e à agricultura familiar, sendo estas as principais alternativas de promoção do desenvolvimento econômico na região.
No que tange à dimensão social e territorial, o IFBA campus Seabra potencializa a interligação na aplicação de políticas públicas no território, auxiliando, de forma intensa e participativa, o colegiado territorial e suas instâncias deliberativas e consultivas visando o desenvolvimento territorial. Acompanhado de forma direta por estudantes, professores e técnicos de várias áreas de conhecimento, também contempla a atuação de sujeitos territoriais, potencializando a aplicação dos recursos e fortalecendo o tripé ensino-pesquisa-extensão. [3]
Com o objetivo de aperfeiçoar o processo formativo dos estudantes e contribuir com o desenvolvimento local e regional, destacam-se os seguintes grupos e projetos de pesquisa: Agroecologia e Tecnologias Socioambientais – TecAmb, que desenvolve estudos ligados à área de tecnologias socioambientais, voltadas às características e especificidades da região semiárida baiana e apresenta como foco o território da Chapada Diamantina; Criação e Educação Musical (CEM), que tem como objetivo desenvolver softwares educacionais lúdicos que auxiliem nos processos de educação e criação musical em ambientes escolares; Ambientais da Chapada Diamantina (PAMC) que realiza estudos ligados à área ambiental, com o propósito de gerar e aplicar tecnologias adaptadas às condições regionais, características e especificidades da Chapada Diamantina; e, por último, o MUANZI – Núcleo de Estudo de Comunidade Quilombola que trabalha com o mapeamento e pesquisa da história e cultura das comunidades quilombolas da região da Chapada Diamantina; Aproveitamento de Urina Humana como Fonte de Nutrientes na Produção Agrícola; Projeto Chapadeiros: Desenvolvimento territorial e Agroecologia na Chapada Diamantina – Bahia; Montagens de genomas bacterianos, utilizando ferramentas computacionais: um estudo comparativo; Projeto Rede Agroecológica: implantação do Núcleo De Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica da Chapada Diamantina - Bahia, Brasil; Diversidade sociocultural dos estudantes do IFBA Campus Seabra, oriundos do Território da Chapada Diamantina; e Observatório da Agroecologia da Chapada Diamantina – Bahia, Brasil.
Desde a implantação do Instituto são desenvolvidas várias ações que retratam os caminhos para aproximação social, como o Programa Nacional Mulheres Mil, uma ação com recorte da promoção e qualificação profissional das mulheres das comunidades, visando a melhoria da qualidade de vida de suas famílias e o crescimento econômico e sustentável. No campo da formação iniciada foi possível atingir 12 (doze) cidades da Chapada Diamantina oferecendo cursos técnicos tanto na sede como na zona rural. A atuação se estendeu ao município de Utinga, que desde 2017 oferta turmas do Mediotec em Polo EAD, além da presença em diversas localidades por meio do NEA - Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica e da capacitação da comunidade interna e externa com oferta de Cursos de Libras, Cursos de Verão, Cursos de História da Ciência, Espanhol Básico, Matemática para OBMEP, entre muitos outros.
É importante ressaltar a atuação do IFBA campus Seabra como agente direto na produção de estudos integrados e ações que prezam pelo aprofundamento das discussões no contexto social, cultural, ambiental e produtivo, promovendo ações de cunho territorial e que levem em conta a realidade/contextos diferenciados. Tais ações contribuem de forma direta na questão social e melhoria das condições de vida das comunidades, promovendo alterações diretas na dinâmica de organização e implantação de políticas públicas na escala territorial. Neste contexto, podemos citar o projeto Semente Crioula, que tem como objetivo principal garantir o direito à educação a comunidades remanescentes de quilombos.
[1] Dados do ano de 2018. Fonte: IBGE. https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/ba/seabra.html?Acessado em: 10.05.2019.
[2] Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável do Território da Chapada Diamantina. Seabra, Bahia. 2ª ed., 2010.
[3] Caracterização do Campus Seabra no Plano de Desenvolvimento Institucional do IFBA (2014-2018), p. 74.