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Iara Barreto é a primeira técnica a assumir a direção geral do campus Salvador do IFBA

por Jamile Teixeira publicado: 10/01/2025 11h16, última modificação: 10/01/2025 11h55

Iara BarretoSubstituindo Luanda Kívia Rodrigues durante as férias, a assessora do Gabinete Iara Margarida de Souza Barreto está como diretora geral em exercício do campus Salvador do Instituto Federal da Bahia (IFBA) até o dia 28 de janeiro.

Primeira técnica administrativa a assumir o cargo na história da unidade acadêmica, Iara chegou na instituição ainda como aluna quando tinha apenas 15 anos para cursar o ensino médio. O Instituto até então se chamava Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (Cefet-BA). De lá pra cá muita coisa aconteceu na vida da servidora.

Academicamente, se formou no curso superior de administração do IFBA, cursou especialização em gestão de projetos, fez mestrado em engenharia de sistemas e produtos e, hoje, cursa doutorado em administração. Ela conta que em toda a sua trajetória de aluna foi envolvida com movimentos estudantis tendo participado do grêmio no ensino médio e até da fundação do primeiro diretório acadêmico de seu curso de graduação.

Há nove anos ingressou no IFBA por meio de concurso público para atuar como servidora técnica administrativa em educação (tae) no cargo de administradora. Sempre desempenhou atividades em cargos de gestão que é o que Iara diz mais gostar de fazer. Ela foi chefe do Departamento de Seleção da Pró-Reitoria de Ensino (Proen) e diretora executiva da Pró-Reitoria de Extensão na Reitoria. Já no campus Salvador, atuou como pesquisadora institucional, coordenadora de extensão e, atualmente, com 34 anos de idade, está na Assessoria do Gabinete da Diretoria Geral.

Na entrevista a seguir, Iara Barreto defende a mudança  na cultura organizacional no campus com sua ao ocupar temporariamente a Diretoria Geral, analisa a responsabilidade de criar realidades que desejamos, além de contar um pouco sobre sua participação na implantação do Programa de Gestão (Teletrabalho) e do Programa Institucional de Saúde e Bem Estar, o PISB.

 

ENTREVISTA

"Eu diria que o cargo que ocupamos hoje representa um instrumento de transformação social".

Iara Barreto

 

Servidora Iara BarretoPágina do Campus Salvador - Durante a abertura da Semana de Química você representou a diretora Luanda na mesa de abertura, algo inédito no campus Salvador. Agora você é a primeira técnica administrativa em educação a assumir interinamente a Diretoria Geral do campus Salvador. Como você encara esse momento simbólico?

Iara Barreto - Encaro como uma importante mudança na cultura organizacional do nosso campus, que pode inspirar e estimular novos/as taes a quererem ocupar os espaços de gestão e decisão institucional. Encaro também como um grande desafio profissional que me trará, sem dúvidas, muito crescimento e aprendizado e, por isso, sou muito grata à diretora Luanda pelo convite e pela confiança em meu trabalho.

PCS - Acredita que esse movimento vai ajudar a motivar os/as técnicos/as administrativos/as e demonstrar para toda a comunidade o quanto os taes têm potencial para contribuir com a instituição?

IB - Com toda certeza! Acredito que esse movimento é muito significativo para nós, técnicos/as administrativos/as. Mostrar que é possível ocupar posições de liderança e gestão dentro do maior e mais antigo campus do IFBA fortalece a confiança em nossa categoria e ajuda a quebrar barreiras históricas que, muitas vezes, limitam a percepção sobre o nosso potencial. Acredito que, ao ocupar pela primeira vez esse espaço, posso inspirar colegas a perceberem que todos/as nós, independentemente da função, temos muito a contribuir para o crescimento da instituição. Além disso, a visibilidade dessa ação pode gerar um ambiente de mais valorização, reconhecimento e oportunidades para nós dentro do IFBA.

PCS - Durante o prêmio do Congresso de Pesquisa e Extensão você lamentou a ausência de inscrições de projetos de pesquisa e extensão de taes e por isso nenhum/a tae pode ser premiado. Você acredita que essa falta de motivação dos/as taes pode ter a ver com a ideia de que os/as técnicos/as seriam inferiores simbolicamente na estrutura institucional? 

IB - Não acredito que seja necessariamente uma questão de inferioridade simbólica, mas sim uma consequência das limitações que enfrentamos. As atividades de ensino, pesquisa e extensão tradicionalmente estão associadas ao trabalho docente e o concurso para TAE não contempla essas funções como parte integrante dos nossos cargos. Acredito que seja por isso que nossa legislação não prevê perspectivas de progressão salarial ou de carreira relacionadas à realização de projetos dessa natureza. Essa ausência de reconhecimento formal nas atribuições dos taes, somada à falta de estímulos reais para nos engajarmos nessas atividades, pode ser uma das causas da desmotivação.

No entanto, apesar de sermos técnicos/as administrativos/as, nós trabalhamos em uma instituição de ensino, pesquisa e extensão, e muitos/as de nós temos formações acadêmicas diversificadas que podem enriquecer e trazer contribuições efetivas para o campus e para comunidade externa.

Além disso, eu faço pesquisa e extensão porque acredito que, à medida que nos envolvemos nessas atividades e demonstramos a relevância do nosso trabalho e nossa capacidade de atuação, podemos gerar dados e resultados que sustentem a necessidade de uma revisão nas políticas de valorização e progressão, permitindo um reconhecimento mais adequado para que nossas contribuições sejam efetivamente reconhecidas e recompensadas.

PCS - Você ocupou os espaços de estudante do ensino médio, do superior, da pós-graduação, de servidora e gestora e isso certamente te proporcionou várias visões sobre a cultura interna e o funcionamento da instituição. Já como servidora lotada na Diretoria de Extensão e Relações Comunitárias (Direc) você, por exemplo, idealizou o prêmio do Congresso de Pesquisa e Extensão. Mesmo para quem não passou por todos os papéis na instituição, quais os caminhos para que estudantes, professores e técnicos administrativos se sintam sempre capazes de propor novas soluções para os desafios atuais do Instituto?  

IB - Um dos caminhos eu diria que é uma frase de Gandhi, que eu tenho como mantra, que diz "seja você a transformação que você quer ver no mundo". Se você deseja trabalhar em um lugar que seja leve, agradável e acolhedor, seja você primeiro uma pessoa leve, agradável e acolhedora. Se você deseja que seu local de trabalho seja reconhecido e valorizado, seja você uma pessoa que faz o seu trabalho com excelência, dedicação e que propõe soluções para que sejamos referência. Todos/as nós somos responsáveis por criar a realidade que desejamos para nossa instituição.

Outro caminho que eu enxergo é também uma frase, de Guimarães Rosa, que eu adoro que diz "o que a vida quer da gente é coragem". No IFBA, para inovar em qualquer esfera, propor novas soluções e sair do modo automático de fazer "mais do mesmo" é preciso sair da zona de conforto e ter muita coragem para enfrentar os desestímulos que, com certeza, surgirão no meio do caminho. Mas não tenha medo porque a gente só cresce no desconforto e quase tudo que hoje é realidade, ontem já foi um desafio. Então, seja forte e corajoso/a, se alie a pessoas boas e que te inspiram e, Não tem como ter resultados diferentes fazendo sempre tudo igual.

PCS - Você foi a pessoa que realizou os estudos iniciais para a implantação do teletrabalho no IFBA, uma pauta bastante relevante para os/as taes. Poderia recordar como foi sua experiência junto com o grupo inicial que montou o projeto aprovado no Conselho Superior  (Consup) do IFBA em 2022?

IB - Foi uma experiência difícil por conta das tratativas na época, mas que me enche de orgulho porque o documento partiu de uma construção coletiva de técnicos/as administrativos/as super dedicados/as, que culminou nas normativas institucionais que hoje nos permitem vivenciar o teletrabalho e, assim, termos mais chances de conseguir equilibrar o trabalho com as demandas da vida pessoal. Como disse anteriormente, quase tudo que hoje é realidade, ontem já foi um desafio.

PCS - Na Assessoria do Gabinete, cargo criado na atual gestão, vocês estão implantando o Programa Institucional de Saúde e Bem Estar (PISB), que tem aulas de Fit Dance, Treino Funcional e recentemente as atividades da psicóloga Paula Bacellar, lotada na Divisão de Gestão de Pessoas (DIGP). Como avalia o atual momento do PISB e quais os planos para o futuro do programa?

IB - O Programa conseguiu avançar em suas quatro fases ainda em 2024 e isso é bom e ruim. Bom porque conseguimos incluir todas as categorias nas ações oferecidas (servidores/as, terceirizados/as e estudantes) e é ruim porque, à medida que ele cresce, necessita de mais recursos financeiros para sua execução - e conseguir orçamento tem sido um desafio para toda nossa Instituição. No entanto, estamos apenas começando. O momento atual é de prospecção de recursos externos (através de editais e parcerias) para permitir a continuação do programa. Nosso plano para o futuro do PISB é expandir ainda mais as opções de atividades e serviços oferecidos. Além disso, temos como objetivo aumentar a conscientização sobre a importância da saúde física, mental e do bem-estar em nosso campus, promovendo uma cultura organizacional mais saudável, entendendo que é preciso cuidar de nós para que possamos cuidar uns dos outros.      

PCS - Nesse momento de celebração para os/as taes do campus Salvador, se você pudesse sentar com cada um/a para conversar, o que você diria ou aconselharia? Quais os caminhos para que possamos fazer a diferença em nossa instituição e nos manter sempre motivados/as?

IB - Eu diria que o cargo que ocupamos hoje representa um instrumento de transformação social. Trabalhar no IFBA é ter a oportunidade de fazer a diferença na vida das pessoas, independente da nossa área de atuação - seja na área-meio ou fim. Cada um/a de nós tem sua importância aqui dentro e temos competências suficientes para colocar o Campus Salvador em posição de reconhecimento e destaque na sociedade, bem como torná-lo um espaço acolhedor e prazeroso para estudar, trabalhar e conviver. Basta a gente querer!

Sobre nos manter sempre motivados/as, não tem como porque somos seres humanos, e os dias ruins e de desânimo fazem parte do viver. Mas, nesses momentos, a motivação surge quando buscamos estar perto e trabalhar com pessoas alto astral, resolutivas, que te inspiram e, principalmente, com pessoas que você admira - para nossa sorte, isso não é difícil de achar porque nosso campus tem muita gente boa, a começar por nós mesmos/as.

Entrevista: equipe Dicom

Fotos: acervo pessoal