Campus Salvador certifica 43 cuidadoras de idosos pelo Programa Mulheres Mil

por Henrique Soares — publicado: 16/07/2025 17h12, última modificação: 18/07/2025 11h08

Mães, esposas, filhas, netas, irmãs, cunhadas e profissionais. Cada uma delas possui um nome, um rosto, uma história para chamar de sua. E em um dia, essas histórias se uniram para a realização do sonho de participar do curso de cuidadora de idosos do Programa Mulheres Mil do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), campus Salvador. Foi com vestidos verdes da esperança em relação aos futuros transformados pela educação que discentes receberam seus diplomas durante a cerimônia de formatura ocorrida na tarde de ontem (15), no Salão Nobre da instituição.

Uma delas foi a técnica de laboratório e cuidadora de idosos Selma Diogo, que encontrou o curso do campus Salvador por indicação de uma amiga. Em busca de uma reciclagem da profissão que já exerce há cerca de 10 anos, ela definiu que nessa atividade profissional é necessário ter “paciência, humildade e amor pelo que faz”. Selma lembra das amizades que fez nas aulas e se define como uma pessoa amada, realizada na vida, com uma família exemplar e grata pela vida. Ao falar da família, Selma lembrou da mãe, que no próximo dia 22 de julho vai completar 86 anos. A tia também foi lembrada. Sem filhos, acabou inspirando a sobrinha a se tornar sua cuidadora. “Na minha infância sempre gostei da área de saúde”, recorda.

O tempo passa para todos/as nós. E quando se vê, um/a familiar idoso/a necessita de uma cuidadora. Muitas vezes, a profissional se sente mais próxima daquele ser humano que guarda consigo um baú de experiências. “A gente se apega, tem o maior carinho e amor, parece até que faz parte da família e termina fazendo”, contou Nilma Gama, mãe solo que sempre buscou seu sustento financeiro e contou que gosta de viajar quando está de folga. Ela já atuava como cuidadora antes do curso e se inscreveu porque percebeu que os/as empregadores/as atualmente têm exigido profissionais com diploma de cursos como o oferecido pelo campus Salvador. “Eu espero que eu arranje um/a idoso/a que a gente se dê muito bem, que eu fique muito tempo com ele/a e que Deus dê a saúde dele/a”.

Selma e Nilma estavam na expectativa para receber seus diplomas diante da mesa composta pela diretora geral do campus Salvador, Luanda Kívia Rodrigues, pela pró-reitora de extensão Nívea Cerqueira, que representou a reitora Luzia Mota, pela diretora de extensão, Vitória Soares e pela supervisora do curso, Manuela Montenegro. Prestigiando estavam a coordenadora de extensão do campus Salvador, Raquel Sachdev, que supervisionou o curso logo no início, e o diretor executivo da Pró-Reitoria de Extensão, Ivo Cardoso.

Luanda agradeceu a confiança das alunas na instituição e ressaltou que o campus Salvador oferece também muitas outras oportunidades de cursos técnicos integrados e subsequentes para quem busca qualificação profissional como, por exemplo, eletrônica e eletrotécnica, que mesmo diante da fama de serem espaços somente masculinos são abertos também para as mulheres que assim desejarem ingressar. Sobre o momento feliz vivido pelas "mulheres mil", Luanda falou que “a formatura é um momento de reflexão e de fazer uma retrospectiva” dos desafios de mulheres que enfrentam uma jornada de estudos, trabalhos e cuidados com a casa. “Esse momento de festa é para que vocês digam: ‘apesar das dificuldades e desafios, eu consigo’”, comentou a diretora geral.

As aulas presenciais tiveram início em março e aconteceram todas na sede da Associação de Moradores Pero Vaz Velha. Com as atividades, as cursistas que tiveram frequência receberam auxílio para alimentação e transporte. Manuela esteve perto como supervisora da ação educacional. Ela celebrou a formatura como mais do que a conclusão de um curso mas “conquistas, superações e recomeços". Ela disse que "o caminho até aqui não foi fácil. Teve correria, teve desafio, teve dia que parecia que não ia dar. Muitas desistiram no caminho. Mas vocês deram um jeito. Vocês insistiram. Vocês foram lá e fizeram. E se hoje estão aqui, é porque são merecedoras!”, resumiu.

E as 43 "mulheres mil" que “deram um jeito” e “insistiram (...) foram lá e fizeram” tiveram a oportunidade de homenagear a equipe administrativa e docente que as acompanharam desde o início através de duas representantes. Foram as alunas Mariana Almeida e Elisete Melo que deram voz às turmas em seus discursos de celebração. Mariana recordou desafios pessoais que muitas vezes são capazes de nos desviar dos nossos objetivos e sonhos. “Algumas de nós enfrentaram perdas familiares durante o curso, mas encontramos apoio umas nas outras. Fomos muito mais do que colegas de turma. Fomos rede de apoio, companhia, amizade”, lembrou Mariana.

Chegou a hora de receber as felicitações e posar para as fotografias registradas por familiares e amigas/os. Luanda, Nívea, Vitória e Manuela ficaram responsáveis pelas entregas dos diplomas. A emoção e a alegria foram tomando conta dos/as presentes. “Fantástico, magnífico, maravilhoso”: essas foram as palavras de Nilma após o último dos muitos abraços. Já Selma, depois de receber o diploma e os abraços, disse que ficou nervosa, muito feliz, realizada e emocionada. A sobrinha Jocélia Pereira, que registrou as imagens da tia diplomada, elogiou o Programa Mulheres Mil. “Família é isso! É um orgulho imenso!”, disse a assistente social e estudante de curso técnico de enfermagem Jocélia.

E onde tem emoção e alegria, é difícil querer colocar um ponto final. Após a foto em grupo e o encerramento da celebração, alunas como Jacilene Santos continuaram fazendo os últimos cliques para guardar de recordação. Acompanhada da irmã Rosilene Santos e da amiga Valdeci Barreto, a estudante recebeu a informação do curso através de outra amiga chamada Selma. As duas utilizam a mesma linha de ônibus. Jacilene contou que não tinha experiência na área de cuidados com idosos/as antes do curso e explicou o que aprendeu. Ela disse que os/as idosos/as precisam de cuidado, carinho e diálogo. Para ela muitas pessoas buscam “o trabalho mas só para querer o dinheiro” e que é necessário dar atenção, conversar, brincar, passear e ter uma relação de amizade. “Eu agora sou uma cuidadora de idosos diplomada, para seguir em frente, em nome de Jesus”. A irmã Rosilene contou que Jacilene representa para ela não só uma amiga mas uma mãe, mesmo sendo mais jovem, com as duas incentivando uma à outra em seus projetos de vida. E Valdeci escolheu três palavras para definir Jacilene: guerreira, disposta e determinada. “Acredito que com esse diploma, portas vão ser abertas para ela”, concluiu.

O Programa Nacional Mulheres Mil foi instituído nacionalmente no ano de 2011 e é fruto de uma iniciativa piloto testada em 2007 pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação (MEC). Seu objetivo é promover a formação profissional e tecnológica articulada com o aumento da escolaridade de mulheres em situação de vulnerabilidade social, especialmente das regiões Norte e Nordeste do país. Além dos cursos de formação inicial e continuada (FIC) e qualificação profissional, inclui em sua oferta os cursos de educação profissional técnica de nível médio.

Equipe Mulheres Mil do IFBA - Campus Salvador