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Luanda Kívia é a nova diretora geral do campus Salvador; confira entrevista

A nova gestora conquistou o maior número de votos proporcionais na eleição de novembro de 2023 e foi nomeada pela Portaria 1581 de 26 de março de 2024.
por Henrique Soares publicado: 05/04/2024 15h34, última modificação: 08/04/2024 10h40

Luanda Kívia será empossada diretora geral do campus Salvador; confira entrevista

ENTREVISTA

" Uma estudante me disse: 'Você tem os sonhos de 5 mil estudantes nas suas mãos. São 5 mil vidas que acreditam nessa instituição'."

Luanda Kívia de Oliveira Rodrigues

Luanda Kívia de Oliveira Rodrigues é a nova diretora geral do campus Salvador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, cargo conquistado por ela ter alcançado o maior número de votos proporcionais na eleição realizada em novembro de 2023. Ela foi nomeada pela Portaria 1581 de 26 de março, publicada na edição do Diário Oficial da União do último dia 28 de março.

A nova gestora nasceu no município de Apodi (RN). Sua mãe, Joana Darc era professora da alfabetização e seu pai, Francisco Neto, um auxiliar de serviços gerais. Luanda foi estudando em escolas públicas municipais e estaduais até ingressar no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) - Unidade de Ensino Descentralizada (Uned) de Mossoró (RN), em 2002.

Logo depois, Luanda ingressou na graduação em engenharia mecânica na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), curso que concluiu em 2011. Foi nessa época que Luanda passou a se interessar pelo movimento estudantil e atuar nele já em 2005, quando ingressou na residência universitária da UFRN. Em 2007, após participar do Encontro Nacional de Casas de Estudante, que discutiu os temas assistência estudantil, permanência e êxito, Luanda passou a mergulhar ainda mais no tema e se tornou a coordenadora Norte-Nordeste e Nacional do Movimento de Casa de Estudante, além de outras comissões e conselhos. Já servidora do IFBA, tornou-se integrante da Comissão Local de Gestão da Política de Assistência Estudantil.

Em 2013, Luanda concluiu o mestrado em engenharia mecânica e, em 2018, o doutorado em engenharia mecânica, ambos pela UFRN. Em 2014, ela foi nomeada professora do campus Salvador, lotada no Departamento Acadêmico de Tecnologia Mecânica, onde passou a atuar no curso técnico em mecânica e depois no curso técnico em refrigeração, nas graduações de engenharia mecânica e elétrica e na pós-graduação do Programa de Engenharia e Desenvolvimento de Produtos e Sistemas (PPGESP).

Como pesquisadora, a nova diretora geral atuou no Núcleo de Refrigeração, Climatização e Automação (NRCA) e no Laboratório de Pesquisa em Finanças, Valoração de Ativos e Sustentabilidade (Labfinvas). Foi chefe de seção de manutenção da Diretoria Adjunta de Engenharia e Manutenção (Demag), de 2016 a 2018, e coordenadora do curso técnico em refrigeração e climatização entre 2018 e 2021. Em 2021, ela assumiu a gestão da Diretoria de Extensão e Relações Comunitárias (Direc).

Luanda_Diretora_SalvadorPágina do campus Salvador - No seu planejamento e da nova equipe gestora, qual será a principal marca dos próximos quatro anos para fortalecer ainda mais a relação ensino, pesquisa e extensão no campus Salvador? Já poderia anunciar as primeiras medidas dos primeiros 100 dias?

Luanda Kívia - A nossa principal marca, sem dúvida, será uma gestão voltada para resultados. O lema que norteou nossa campanha foi “Respeitar e inovar para crescermos juntos” e entendemos que só há crescimento quando geramos resultados positivos para a comunidade. Por isso, nesses quatro anos pretendemos fortalecer ainda mais a relação ensino, pesquisa e extensão no campus Salvador através de uma gestão orientada para resultados, que é um modelo conhecido de administração em que o foco está nos resultados a serem alcançados e na resolução de problemas, e não no processo ou no próprio problema. Para isso, teremos fluxos de processos e procedimentos bem definidos para as atividades desenvolvidas pelos setores. Além disso, metas claras e tangíveis e indicadores de Luanda Kívia é a nova diretora geral do campus Salvador; confira entrevistaacompanhamento e avaliação para contribuir nas tomadas de decisão. Com relação aos primeiros 100 dias, algumas das ações planejadas são: construir um diagnóstico do campus no que se refere às ações de qualidade de vida, através de uma pesquisa de amplo alcance envolvendo discentes, docentes, técnicos(as)-administrativos(as) e terceirizados(as); dar condições de funcionamento para os turnos vespertino e noturno do Ginásio e quadras externas, a fim de ampliar as atividades de cultura, esporte e lazer no campus; estruturar o cerimonial vinculado ao Gabinete, visando organizar e profissionalizar os eventos organizados pelos diversos setores do campus; realizar a eleição do Conselho do Campus, de modo a dar voz e voto a diversas categorias da nossa comunidade para processos de diálogo e tomadas de decisões coletivas; realizar um encontro com a comunidade, a fim de apresentar a nova equipe de gestão e nosso planejamento de ações, bem como ouvir e acolher as demandas das diversas categorias; iniciar o processo de captação de recursos externos, através da realização de parcerias com instituições públicas e privadas para ações de de Ensino, Pesquisa e Extensão; realizar ajustes em alguns setores (tanto de pessoal quanto de procedimentos), de modo a melhorar o atendimento à comunidade.

PCS - Se a senhora puder definir em cinco palavras quem é Luanda Kívia de Oliveira Rodrigues, quais seriam essas palavras e por que?

LK - Estudiosa: me proponho a assumir algumas tarefas, mesmo que não tenha conhecimento ou experiência, pois sei que vou estudar e aprender. Me coloco sempre como eterna aprendiz. Corajosa: não tenho medo de me posicionar ou de lutar pelo que eu acredito, mesmo sabendo que meu posicionamento pode não agradar a todas as pessoas. Autocrítica: estou sempre me autoavaliando e disposta a aprender, melhorar e evoluir, seja através das minhas próprias percepções sobre minhas atitudes ou através do feedback de alguém. Determinada: quando eu acredito em algo que está de acordo com meus princípios, eu não meço esforços e me dedico muito para conquistar e fazer acontecer. Empática: me coloco sempre no lugar do outro e tenho plena consciência que minhas palavras e ações podem transformar vidas, por isso busco sempre acolher as pessoas de forma cuidadosa e responsável, entendendo que todo mundo enfrenta batalhas que não sabemos. 

PCS - Com a pandemia, os temas ligados a qualidade de vida e saúde mental ganharam ainda mais relevância na sociedade. Diante disso, quais ações nessas áreas serão implantadas ou fortalecidas no campus?

De fato, a qualidade de vida é um tema importante e terá uma atenção especial em nossa gestão. Como é um tema transversal, que envolve toda a comunidade de servidores(as) (docentes e TAEs), estudantes e terceirizados(as), nós estamos trazendo a pasta para o Gabinete da Direção Geral, através de uma Assessoria. Esta Assessoria do Gabinete terá duas pautas específicas: implementar o Programa Institucional de Saúde e Bem-estar do campus Salvador e, também, trabalhar nas ações de captação de recursos externos para fortalecer o orçamento do campus.

Luanda Kívia é a nova diretora geral do campus Salvador; confira entrevistaPCS - Como a senhora fará para gerenciar com o atual orçamento com essas notícias dos cortes? É possível captar recursos além do orçamento para tornar realidade novas ações de gestão?

LK - Gerenciar o orçamento é um desafio com tantas demandas urgentes que o campus possui. Mas é possível fortalecer o orçamento atuando com captação de recursos externos através de parcerias com instituições públicas e privadas ou através das emendas parlamentares, mas isso só será possível para 2025. Os projetos de emendas são apresentados em um ano para execução no ano seguinte. Enquanto diretora de extensão, já tinha atuado nesta frente, conseguindo para o campus, em 2023, quase R$ 1 milhão. Além disso, vamos seguir lutando pela recomposição orçamentária e por uma descentralização justa dos recursos para o campus Salvador.

PCS - Uma das suas propostas foi a reativação e fortalecimento da Comissão Interna de Sustentabilidade Ambiental (Cisa). Na sua opinião, qual a importância da Cisa e quais ações específicas serão prioritárias para essa nova composição?

LK - A Cisa possui uma história bonita e louvável com o nosso campus e com a participação de servidores(as) dedicados(as). No entanto, com a pandemia e os cortes no orçamento, as ações foram interrompidas. Agora precisamos retomar a comissão com um direcionamento para educação ambiental. Para isso, já contamos com o apoio de servidores(as) que atuam no grupo Gaia. A ideia é que, conforme as ações forem se concretizando e sendo fortalecidas, a gente vai ampliando para as outras áreas, como energia, água e resíduos.

PCS - A oferta de um edital de financiamento exclusivo de pesquisa e outro de extensão é proposta da senhora para continuar no período 2024-2028. Qual a importância da comunidade ter acesso a esses editais exclusivos e que outras ações poderão melhorar os indicadores de pesquisa e extensão?

LK - Os editais que oferecem auxílio financeiro são fundamentais para estimular a participação de servidores(as) (docentes e TAEs) a submeterem projetos de pesquisa e extensão que contribuem para sociedade ao mesmo tempo que contribui para a formação dos(as) nossos(as) estudantes. A separação dos editais para cada eixo (pesquisa e extensão) permite uma maior participação dos(as) servidores(as), além de fortalecer as identidades extensionistas e de pesquisa que são distintas, embora indissociáveis., Para melhorar os indicadores de pesquisa e extensão, que ainda são tímidos para a dimensão do campus Salvador, outras ações complementares serão implementadas de forma integrada e estratégica, como: incentivo à produção científica, formação continuada, integração com o setor produtivo, internacionalização e avaliação e monitoramento (criação de indicadores de desempenho e avaliação periódica das atividades de pesquisa e extensão).

Luanda_Diretora_SalvadorPCS - Em que sentido estimular a participação de estudantes e servidores/as docentes e técnicos/as administrativos/as nas atividades de extensão poderá levar nossa instituição a um novo patamar? Ainda há espaço para mais projetos ou que a comunidade se engaje nos já existentes?

LK - É preciso engajar toda comunidade acadêmica nas ações de extensão, já que nossa política é pautada no tripé ensino-pesquisa-extensão. Estimular a participação de estudantes, servidores(as) docentes e técnicos(as) administrativos(as) nas atividades de extensão pode levar nosso campus a um novo patamar de diversas formas: ●capacitação e formação: a participação em projetos de extensão proporciona oportunidades de aprendizado prático, complementando a formação acadêmica e profissional dos(as) estudantes e servidores(as). Isso pode resultar em profissionais mais qualificados(as) e preparados(as) para enfrentar desafios reais; ●integração com a comunidade: o envolvimento em projetos de extensão aproxima a instituição da comunidade, permitindo que as necessidades e demandas locais sejam identificadas e atendidas, cumprindo nossa missão institucional; ●produção de conhecimento aplicado: atividades de extensão muitas vezes resultam na produção de conhecimento aplicado, que pode gerar impactos significativos na sociedade e na região onde a instituição está inserida; ●reconhecimento e valorização: o engajamento em atividades de extensão eleva a reputação e o reconhecimento da instituição, tanto internamente, quanto externamente, perante a comunidade e outras instituições. Quanto à disponibilidade de espaço para mais projetos ou engajamento nos já existentes, o importante é buscar um equilíbrio entre a qualidade, a quantidade e a diversidade das atividades de extensão, de modo a maximizar os benefícios para a comunidade e para a instituição. A extensão é a relação da instituição com os outros setores da sociedade. A portaria nº 299, de 6 de maio de 2022, Setec/MEC dispõe sobre os indicadores de pesquisa e extensão a serem utilizados pelas Instituições que compõem a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Rede Federal de EPCT), bem como sobre o seu processo de cadastro, coleta, cálculo e divulgação. Como dito anteriormente, os indicadores da extensão ainda são tímidos, embora tenha havido um crescimento expressivo quando comparado o edital 18/2021 com o 12/2023, onde saímos de 7 submissões de propostas para 24, mas ainda com desistências antes mesmo de iniciar o projeto. Este é um dado importante de que precisamos de uma participação maior da comunidade não só para melhorar os indicadores como também para cumprir o nosso papel e nossa missão institucional.


PCS - Como será o teletrabalho (PGD) durante a gestão que acaba de iniciar e como avalia o teletrabalho praticado atualmente no campus Salvador?

Luanda Kívia é a nova diretora geral do campus Salvador; confira entrevistaLK - O teletrabalho é uma modalidade que vem sendo cada vez mais adotada nas instituições e pode trazer diversos benefícios tanto para os(as) servidores(as) quanto para a instituição. Durante a nossa gestão, o teletrabalho continuará sendo uma opção àqueles setores que atendem os requisitos presentes nas normas institucionais para adesão, no entanto, mediante avaliação dos resultados. Faremos avaliações constantes, de modo a acompanhar a eficácia do teletrabalho, buscando identificar pontos positivos e negativos e promovendo ajustes sempre que necessário. Atualmente, menos de 20% dos(as) técnicos(as) administrativos(as) do campus Salvador atuam em teletrabalho, isso porque a grande maioria dos setores estão em jornada flexibilizada de 30 horas. Nesse sentido, por conta do número reduzido de adesões, ainda não foi possível conquistar determinados benefícios para o campus como redução de consumo de energia elétrica, de água, otimização de espaços e de equipamentos. Sendo assim, em 2024 vamos atuar criando estratégias nesse sentido, de forma conjunta com os(as) servidores(as) do PGD.

PCS - Como estudante a senhora ingressou no movimento estudantil, morou em residência universitária, participou de eventos ligados à assistência estudantil, permanência e êxito, e já como professora do IFBA, esteve na Comissão Local de Gestão da Política de Assistência Estudantil. Com todo esse conhecimento e experiência de quem sentiu na pele os desafios de ser estudante em nosso país, que ações essa nova gestão trará para os/as estudantes do campus Salvador?

Luanda Kívia é a nova diretora geral do campus Salvador; confira entrevistaLK - Eu digo com muito orgulho que sou fruto das políticas de acesso e permanência. Desde a isenção da taxa do vestibular até a residência e diversos outros auxílios. E por isso o fortalecimento das políticas de acesso e permanência é prioridade em nossa gestão. A primeira pauta é lutar pela recomposição do orçamento da assistência estudantil, fortalecimento das bolsas e auxílios. Para isso, será preciso apresentar ao Consup (Conselho Superior do IFBA) uma revisão da política de assistência estudantil do IFBA que se opõe ao programa vigente, o Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), criado pelo Decreto 7.234/10 que prioriza a questão socioeconômica. A nossa política inclui no texto, para alguns programas, o critério de mérito, o que é no mínimo controverso quando falamos de uma política pública que tem como objetivo garantir o direito à educação pública, gratuita e de qualidade para aquelas pessoas que estão em condições de vulnerabilidade social.

PCS - Imagino que é um momento bastante emocionante receber da comunidade um voto de confiança para liderar os rumos de uma instituição que é tão relevante para tantas pessoas. Se a senhora pudesse conversar hoje com aquela menina de Apodi, filha de dona Joana e do senhor Francisco, o que diria àquela Luanda?

Luanda Kívia é a nova diretora geral do campus Salvador; confira entrevistaLK - Sim, é emocionante e acolho essa confiança com muito carinho e responsabilidade. Logo após a apuração dos votos, ainda em êxtase com o resultado, uma estudante da licenciatura de física me disse a seguinte frase: “Você tem os sonhos de 5 mil estudantes nas suas mãos. São 5 mil vidas que acreditam nessa instituição.” Toda vez que lembro deste momento me emociono e sei que são mais de 5 mil vidas, pois esses sonhos são também dos familiares. São as vidas de nossa equipe também, docentes, TAEs e terceirizados(as) que podem ser impactadas com decisões tomadas por mim e toda nossa equipe. A menina de Apodi, nascida e criada no Beco da Palhoça, nunca imaginou que teria tamanha responsabilidade. Minha família sempre acreditou na educação como meio de transformação social, mas os sonhos eram mais tímidos. Mas, com toda certeza os ensinamentos e valores que recebi da dona Joana e Sr. Francisco serão meu guia e meu norte nestes próximos 4 anos e, junto com a nossa equipe de gestores(as), que é competente e comprometida com a nossa instituição, vamos dar o nosso melhor para termos resultados e crescermos juntos(as).

PCS - Que mensagem deixaria para os/as soteropolitanos/as que confiam nessa instituição incluindo os/as jovens que sonham em realizar ações positivas através de um caminho de estudos, pesquisas, extensão e inovação?

LK - Eu digo que não há instituição de ensino melhor em Salvador. Somente nós do IFBA temos a verticalização do ensino como pilar, com oferta desde cursos FIC (Formação Inicial e Continuada) até os cursos de pós-graduação. É um orgulho quando temos nossos(as) estudantes que foram do curso técnico, passaram pelo superior e retornam para o mestrado. E alguns dos(as) egressos(as) ainda se tornam nossos(as) colegas de trabalho. Isso mostra o quanto nossa instituição é socialmente reconhecida como uma excelente instituição de ensino. As experiências vividas no campus Salvador são únicas e contribuem de maneira ampla para o processo de formação profissional e cidadã de cada indivíduo respeitando suas subjetividades. Tenho muito orgulho de dizer que sou docente, e agora diretora geral, do campus Salvador do IFBA!

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Fotos: Acervo Pessoal