Evento homenageia os 20 anos de história da licenciatura em matemática do campus Eunápolis
CAMPUS
No sábado, 10 de maio, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), campus Eunápolis, promoveu o I Encontro de Trajetórias Matemáticas, um espaço de diálogos a respeito da formação profissional e das práticas pedagógicas nos cursos da área, localizados no Extremo Sul da Bahia, que reuniu profissionais, estudantes e autoridades da área de educação. Nesta edição inicial, o evento foi também uma homenagem aos 20 anos da Licenciatura em Matemática do campus, a primeira licenciatura implantada na história do IFBA, ainda em 2005.
A abertura do evento foi ao som da Sociedade Filarmônica Lyra Popular, que levou ritmos brasileiros para o auditório do campus e fez parte de uma programação que além da palestra “Afetividade e Matemática”, ministrada por João Rodolfo Silva Pinheiro (egresso do curso), e da Roda de Conversa que debateu as duas décadas da graduação, contou com uma Mesa de Honra com as presenças de Fabiana Bertolde (diretora geral IFBA Eunápolis); Suzy Magalhães (representante NTE 27/ Costa do Descobrimento); José Aquino Santos (representante da Secretaria Municipal de Educação); Francisco de Assis Jr. (Instituto de Humanidades, Artes e Ciências, da Universidade Federal do Sul da Bahia /UFSB, campus Porto Seguro); Robson Braga (vice-diretor Universidade do Estado da Bahia/Uneb, campus Eunápolis); Nadja Núbia Ferreira (diretora acadêmica do IFBA, campus Eunápolis); Igor Breda Ferraço (coordenador de ensino superior) e Flaviana Paula Medeiros (coordenadora da licenciatura em matemática).
20 anos formando Educadores e Educadoras
A implantação da licenciatura em matemática no campus Eunápolis, em 2005, foi o resultado de um trabalho que iniciou pelo menos dois anos antes com a autorização do Ministério da Educação (MEC). O professor José Neto relembrou o contexto histórico daquele momento: “Houve por parte do MEC a identificação de uma falta muito grande de professores da área das ciências exatas, matemática, física, química. E aí deu-se aos Institutos Federais a possibilidade, né? Autorizaram aos Institutos a ofertar cursos de nível superior na área de licenciatura. E nós tivemos o privilégio naquele momento de sermos os pioneiros na oferta de licenciatura em matemática de toda Rede IFBA”.
Naquela época, o próprio campus Eunápolis era ainda uma instituição começando a formar suas bases, e as dificuldades para concretizar o projeto passavam pelo quadro docente, pela própria infraestrutura da unidade que buscava a consolidação física e humana de áreas estratégicas como a Biblioteca e a Coordenação de Registros Acadêmicos (CORES), além da necessidade de redação do Projeto Pedagógico do Curso (PPC) e seus demais documentos orientadores.
José Neto, que foi o primeiro coordenador da graduação, também explicou que primeiro uma comissão foi designada para responder pela função “Dado o ineditismo e as limitações nós decidimos que, em vez de termos um coordenador, teríamos uma comissão coordenadora. A primeira gestão do curso não foi feita por um coordenador, mas por um grupo de professores, nesse caso fui eu, a professora Marlecia Sanders (docente do campus) e a pedagoga Margareth Ferreira (atualmente servidora aposentada).
Uma trajetória de desafios e conquistas
À frente da Coordenação do Curso desde 2021, a professora Flaviana Paula Medeiros acompanhou partes desafiadoras dessa trajetória “Passamos pela pandemia e conseguimos superar todas as dificuldades que esse momento exigiu. Perdemos muitos alunos por causa desse período, e também depois, pois a EAD [educação a distância] se expandiu muito e se mostrou uma oportunidade atrativa para os estudantes que trabalham o dia todo e não têm tempo para se dedicar ao tripé ensino, pesquisa e extensão”.
Ela também apontou pontos positivos, como o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e Residência Pedagógica “Essenciais para a permanência e o êxito dos nossos estudantes” e acrescentou que “Hoje, ao visitar a grande maioria das escolas de Eunápolis e região, encontramos egressos do curso trabalhando, levando aos estudantes tudo que construíram durante a passagem pelo IFBA. E esse vínculo que ainda se mantém, muitos egressos retornam para as pós-graduações, para eventos e também para levar seus alunos em visitas guiadas ao campus, ao laboratório de modelos matemáticos etc.”.
“Hoje, ao visitar a grande maioria das escolas de Eunápolis e região, encontramos egressos do curso trabalhando, levando aos estudantes tudo que construíram durante a passagem pelo IFBA."
Essa presença dos (as) ex-alunos (as) pôde ser observada no próprio Trajetórias Matemáticas, com a palestra ministrada por João Rodolfo Silva Pinheiro, que foi discente da licenciatura no período de 2006 a 2009 e que teve sua vida profissional alterada pela identificação com a modalidade. Inicialmente ele pensava em cursar engenharia civil, mas, ao ingressar na matemática por circunstâncias pessoais, decidiu seguir a carreira: “Eu já tinha uma predisposição a ser professor, eu já trabalhava com aulas particulares e ajudava minha mãe que era professora de magistério na época de menino pequeno, então já tinha meio que intuitivamente essa vocação. No curso eu percebi que de fato era o que eu queria mesmo e tendo contato com as disciplinas, com os professores da área enfim… aí eu decidi por continuar e não sair para depois fazer um curso de engenharia. E deu o que deu, né? Hoje é a minha profissão e não me vejo fazendo outra coisa”.
O ciclo de formação e construção de futuro
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), apontado por Flaviana com um dos destaques positivos na realidade do curso, também é relembrado com carinho por ex-estudantes do campus. Taianá Silva Pinheiro, que atualmente é professora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e está cursando o doutorado na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), destaca sua participação no Programa: “O momento mais marcante durante a minha licenciatura foi quando eu fiz o meu estágio, e quando eu fui ‘pibidiana’, por conta do acesso também ali com a educação básica, a oportunidade de realizar oficinas no município com crianças utilizando o laboratório do IFBA.”
Quem também participou do Pibid foi Carla Santos Conceição, formada em 2016 pelo IFBA: “O PIBID me proporcionou
oportunidades valiosas, como apresentar trabalhos em eventos científicos, incluindo apresentações de resultados de experimentos, artigos e oficinas”. Ela é hoje professora substituta de matemática do campus: “Sou professora substituta, onde me sinto realizada por ter retornado ao lugar em que me formei. Tenho muitas memórias afetivas do campus, o curso me proporcionou aprendizados valiosos e vivências enriquecedoras nas escolas do município”.
Esse é um ciclo que pode ser observado nas estruturas do IFBA Eunápolis, egressos e egressas que retornam ao Instituto como docentes na área e que realizam um trabalho que faz a diferença não só na unidade, mas em toda a região, estando nessa ou em outra instituição. Caso de Elaine Santos Dias, que estudou no campus entre 2008 e 2013 e hoje é professora na UFSB. Sua área de atuação? “Atuo como docente da UFSB e trabalho sobretudo com a formação de professores”, informou Elaine.
Passados os 20 anos do início do curso e com 111 professores (as) formados (as), o professor José Neto acredita que a missão está sendo cumprida: “Eu diria que é uma história bonita, sabe? Porque hoje a gente colhe os frutos. Na forma de um impacto que eu considero muito positivo, que hoje você chega nas escolas municipais para acompanhar estudantes, acompanhar estagiários e o professor titular é um ex-aluno nosso. Então isso já é realidade aqui na cidade. O propósito foi cumprido.”
*Matéria da área de comunicação do campus Eunápolis.