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Campus Salvador certifica primeira turma do Programa EcoSol – Ciranda Formativa Norte e Nordeste/ Manuel Querino

A cerimônia de encerramento do curso de Agente de Desenvolvimento Cooperativista Solidário ocorreu no último sábado, 15, no Salão Nobre do campus Salvador. O evento contou com a participação do secretário de Qualificação e Fomento à Geração de Emprego e Renda do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Magno Lavigne.
publicado: 18/02/2025 14h56, última modificação: 19/02/2025 14h45

Por Cláudia Galante
Colaboração: Andréa Costa e Henrique Soares
Edição: Bárbara Souza

O Programa EcoSol - Ciranda Formativa Norte e Nordeste/ Manuel Querino, lançado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), realizou no último sábado (15), a entrega dos certificados da turma do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), campus Salvador.

“A Bahia é o principal estado onde nós conseguimos, num primeiro momento, fazer as parcerias do Programa Manuel Querino, com a oferta de 900 vagas”, afirmou o secretário de Qualificação e Fomento à Geração de Emprego e Renda do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Magno Lavigne, ao destacar o IFBA como um dos principais parceiros do Programa.

O evento, realizado no Salão Nobre do campus, certificou 58 trabalhadores, que ao longo dos meses de outubro, novembro e dezembro de 2024 e janeiro e fevereiro de 2025 tiveram aulas teóricas, atividades práticas, e projetos de desenvolvimento interdisciplinar no curso de Agente de Desenvolvimento Cooperativista Solidário.

Na primeira parte da cerimônia, estudantes do curso apresentaram as atividades do Tempo Comunidade, prática em que os cursistas tiveram a oportunidade de levar para suas comunidades o que vinham aprendendo em sala de aula. Na ocasião, puderam compartilhar os resultados e impactos de suas experiências, com suas iniciativas e reflexões.

Os intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) garantiram a acessibilidade no evento, assim como durante todo o curso. Nessa perspectiva inclusiva, foi ampliado o leque de possibilidades, favorecendo a participação de Lívia Santes, cursista surda que estava entre os formandos e realizou seu discurso em Libras.

Fotos: Divulgação

“Foi um curso muito aguardado pela comunidade e imaginamos que terá uma repercussão como efeito multiplicador nos territórios. Alguns dos estudantes, mesmo antes de entrar no curso, já tinham empreendimentos econômicos solidários, experiência de atuação em cooperativas, portanto engajamento. Outros iniciaram a partir do curso. Então, temos certeza que o curso vai ser um catalisador do processo de economia solidária em Salvador e Região Metropolitana”, destaca o coordenador adjunto local do programa, Fábio Baldaia, que abriu o evento, trazendo um panorama das atividades desenvolvidas no curso, com ênfase nas principais experiências, desafios e aprendizados adquiridos pelos estudantes.

Ymat Guerém, cursista indígena do povo Guerém, recebe o certificado, ao lado do secretário do MTE, Magno Lavigne
Ymat Guerém, cursista indígena do povo Guerém, que fica localizado no município de Valença, relata a importância da iniciativa, principalmente na capital baiana. “Acredito que o curso já está sendo pioneiro nesse sentido, de promover tanto a inclusão social, ainda mais numa cidade tão desigual como Salvador, e promovendo a partir de uma linha alternativa, que é a economia solidária, que abriga muitas pessoas. Então, quero dizer da alegria de ter participado desse curso e que possam dar continuidade com outras iniciativas também, porque é muito importante, principalmente para as comunidades que estão ali na linha de frente mesmo, lidando com a economia solidária”, defende.

A mesa de encerramento contou com a presença do secretário de Qualificação e Fomento à Geração de Emprego e Renda do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Magno Lavigne, coordenadora-geral do Programa, Alba Rodrigues, pró-reitora de Extensão do IFBA, Nívea Santana, diretora-geral do campus Salvador, Luanda Kívia Rodrigues, e da diretora de Extensão e Relações Comunitárias do campus Salvador, Julia Nobre. Também esteve presente ao evento Diogo Ferreira, coordenador regional Nordeste do programa.

A coordenadora-geral do Programa, Alba Rodrigues
Alba Rodrigues deu início, enfatizando a importância do MTE para a qualificação dos/as trabalhadores/as, e de todos/as os/as agentes, que possibilitaram que o programa acontecesse no prazo real: “O programa selecionou 10 Institutos Federais e formou 18 equipes nos campi com inserção direta de trabalho com a Economia Solidária nos territórios”, informou.

Alba destacou ainda alguns pontos cruciais para o sucesso do programa: “O primeiro deles é o Tempo Comunidade - os cursos de formação são presenciais e as pessoas estão no dia a dia. É necessário um tempo para desenvolver as habilidades também na comunidade. Então, foi pensada uma carga horária em que esses cursistas puderam levar os aprendizados para a comunidade e trazê-los atualizados para o curso, estabelecendo essa troca. O outro ponto é a Ciranda Infantil, uma realidade que não existe em outros programas. É uma experiência que trouxemos do movimento do MST - proporcionar que pais e mães consigam desenvolver o processo de escolarização e que seu filho também seja acolhido pela equipe”.

Julia Nobre enfatizou a importância da continuidade do programa, que “transforma não só a vida dos nossos/as estudantes que se formam hoje, mas também das suas comunidades”.

Diretora-geral do campus Salvador, Luanda Kívia entrega certifica à formanda
Magno Lavigne destacou que o IFBA é um dos principais parceiros do Programa Manuel Querino, com projetos tanto na área de economia solidária quanto de qualificação profissional e completou: “a Bahia é o principal estado onde nós conseguimos, num primeiro momento, fazer as parcerias do Programa Manuel Querino, com a oferta de 900 vagas”.
Lavigne afirmou que vê com muita alegria a finalização do curso em Salvador, pois são agentes que têm a compreensão sobre o papel da Economia Solidária e que vão ajudar na articulação desse setor. “Todos nós sabemos que o mundo do trabalho se modificou muito. A pessoa vai precisar empreender, e quando o empreendimento é coletivo, ele permite que as pessoas tenham, além da sua subsistência, uma capacidade de integração e de conhecimento do mundo. Então, para nós, do Ministério do Trabalho, é uma alegria gigantesca estar aqui na Bahia nessa cerimônia de formatura”, comemorou o secretário. E finalizou: “o batismo do programa Manuel Querino, com seu nome e com seu sobrenome, é uma forma da gente dizer que a gente acredita na qualificação social e profissional feita pelos trabalhadores e para os trabalhadores. Feita por aqueles que compreendem a dinâmica do mundo que está ao seu redor”.

Após a fala do secretário, a diretora Luanda Rodrigues deu ênfase na parceria entre o MTE e o IFBA: “Estamos comemorando a conclusão do trabalho de parceria. Desde o lançamento do programa, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, passando pelo IFBA, que fez a captação do projeto e os campi, que o executaram”.

Pró-reitora de Extensão do IFBA, Nívea Santana
Com o mesmo entusiasmo, a pró-reitora de Extensão, Nívea Santana destacou o papel do Programa Manuel Querino na qualificação profissional e social da classe trabalhadora e fez um apanhado histórico da experiência do IFBA nessa formação: “Nós temos as experiências do Pronatec e do programa Mulheres de Mil, e quase 20 anos depois do início dessas políticas educacionais, a partir de 2023, o programa Manuel Querino, produzido pelo Ministério do Trabalho, consolidou-se como uma política que aprimorou essa formação da classe trabalhadora”.

Após as falas, os integrantes da mesa entregaram os certificados aos cursistas e, em seguida, houve um lanche coletivo organizado pelos formandos.

Os alunos e professores também viram com entusiasmo a realização e encerramento da primeira edição do programa. Uma das professoras do curso, Daniela Lima, coloca que “o Programa Manuel Querino foi uma perspectiva nova, um tema importante que é a inclusão da economia solidária.  A gente está formando hoje aqui os profissionais em cooperativismo solidário.  É uma temática importante dentro do nosso contexto do país”.

Tempo Comunidade

As atividades de Tempo Comunidade são ações desenvolvidas nos espaços em que os cursistas moram e constituem suas experiências de vida: moradia e trabalho. É uma alternativa para ampliar o acesso à escolarização formal dos trabalhadores/as, enquanto proporciona a interação entre teoria e prática. Essas atividades são definidas de acordo com a realidade local, as necessidades dos alunos, os objetivos do curso e as potencialidades e demandas locais.

O Tempo Comunidade, pautado nas diretrizes político-metodológicas para educação em economia solidária (SENAES, 2012), é uma parte fundamental dos cursos do programa, através da qual, os cursistas têm a oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula e de integrar teoria e prática.

Essas atividades têm por objetivos aproximar os alunos da realidade do cooperativismo solidário; favorecer a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos em sala de aula; estimular o desenvolvimento de habilidades e competências essenciais para atuação; promover a integração dos alunos com a comunidade; incentivar a reflexão crítica sobre a realidade social e econômica e fortalecer práticas de autogestão dos empreendimentos solidários.

A Metodologia das atividades de Tempo Comunidade é pautada na pedagogia da alternância, combinando atividades presenciais e não presenciais, com foco na experiencia, podendo ser visitas de campo; entrevistas; pesquisa-ação; elaboração de Projetos e Feiras Solidárias; participação ou produção de eventos e atividades da comunidade; visitas técnicas e produção de relatórios e portfólios.

Durante o curso, os alunos têm 48 horas destinadas a essas atividades.

Ciranda Infantil

Um dos grandes diferenciais dos cursos ofertados pelo programa é a garantia da tranquilidade para aprender, com a oferta da Ciranda Infantil: um espaço de ludicidade e cuidado para as crianças que tem seu pai, mãe ou responsável em formação no programa, promovendo o desenvolvimento emocional e cognitivo, em um espaço de construção de conhecimento, interação e apresentação, de forma lúdica, de temas importantes no contexto da economia solidária.

Enquanto pais, mães e responsáveis acompanham as aulas, suas crianças estão em atividades educativas, reduzindo, assim, a evasão e ampliando a participação no programa, principalmente das mulheres que, em sua maioria, são responsáveis por esses cuidados.

As Cirandas Infantis foram concebidas no Programa EcoSol: Ciranda Formativa Norte e Nordeste/Manuel Quirino, a partir da experiência já consolidada dos movimentos sociais.

Programa Manuel Querino

O Programa Manuel Querino de Qualificação Social e Profissional (PMQ) é voltado ao desenvolvimento de ações de qualificação social e profissional a jovens e trabalhadores, de forma a contribuir com a formação geral, acesso e permanência no mundo do trabalho.

O IFBA é responsável por coordenar as ações deste programa nas regiões Norte e Nordeste, contemplando oito Institutos Federais do Nordeste (IFBA, IFAL, IFRN, IFPB, IFS, IFCE, IFMA, IF Baiano) e três Institutos Federais do Norte (IFAM, IFPA e IFTO), totalizando 36 turmas.

De acordo com Magno Lavigne “O objetivo do PMQ é contribuir para o acesso ao trabalho decente, emprego e renda dos trabalhadores e trabalhadoras”.

No âmbito do PMQ estão os projetos de Qualificação Profissional em Economia Popular e Solidária que visam fomentar o desenvolvimento de ações de qualificação social e profissional a integrantes de iniciativas populares e solidárias, contribuindo com a sua formação geral e garantindo o seu acesso e permanência no mundo do trabalho da economia solidária.  

A ação foi viabilizada após trocas e deliberações, ao longo de 2023, entre a Secretaria Nacional de Economia Popular e Solidária - SENAES/MTE, os Institutos Federais e a Rede IFecosol, formada por servidores da Rede Federal, para a criação de um programa de formação em Economia Solidária.

O objetivo é atender um público diversificado, que inclui trabalhadores e trabalhadoras vinculados a grupos produtivos autogestionários, formalizados ou não, a exemplo de grupos informais, associações, cooperativas, coletivos urbanos e rurais. É dirigido a jovens, à população negra, às mulheres, aos povos e comunidades tradicionais e originárias, às pessoas com deficiência; à população idosa e LGBTQIA++; cadastrados nos programas sociais do Governo Federal (CadÚnico), entre outros.

Incialmente, foi aprovado o programa da IFSP e da IFBA, com a oferta dos seguintes cursos:  Agentes de Desenvolvimento Cooperativista Solidário e Gestão de Empreendimentos Econômicos Solidário.

O IFSP é responsável pela oferta dos cursos nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, totalizando a oferta de 1.440 vagas e o IFBA, através do Programa EcoSol - Ciranda Formativa Norte e Nordeste/ Manuel Querino, é responsável pelas regiões norte e nordeste, totalizando mais 1.440 vagas. Dessa forma, estão sendo ofertadas 2.880 vagas em 42 institutos federais em todo o país.

O IFBA é responsável por coordenar as ações deste programa nas regiões Norte e Nordeste, contemplando oito Institutos Federais do Nordeste (IFBA, IFAL, IFRN, IFPB, IFS, IFCE, IFMA, IF Baiano) e três Institutos Federais do Norte (IFAM, IFPA e IFTO), totalizando 36 turmas.

No âmbito do PMQ, o IFBA também é responsável pelo Programa Manuel Querino de Qualificação Social e Profissional nos Territórios de Identidade da Bahia, com foco na produção cultural, design e outras áreas de produtividade.

Conheça os cursos

O curso ofertado pelo campus Salvador, de forma presencial, é Agente de Desenvolvimento Cooperativista Solidário, e tem por objetivo formar profissionais habilitados/as para contribuir no planejamento e execução de processos cooperativos, além de promover a constituição de cooperativas em comunidades locais.

O programa oferece ainda, em outros campi, o curso de Gestão de Empreendimentos Econômicos Solidários, que tem como objetivo habilitar profissionais para auxiliar na estruturação de planos de desenvolvimento solidário para empreendimentos econômicos solidários, abrangendo estratégias de organização produtiva, financeira, investimento, autogestão, comercialização, dentre outros.

Os cursos são na modalidade Formação Inicial e Continuada (FIC) e tem carga horária de 200 horas.

Quem foi Manuel Querino

Manuel Querino nasceu em 28 de julho de 1851, em Santo Amaro (BA) e dá nome ao programa por ter criado o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia e a Escola de Belas Artes.

Foi pintor, escritor, abolicionista e pioneiro nos registros antropológicos e na valorização da cultura africana na Bahia Um dos mais destacados intelectuais baianos, é considerado como um dos fundadores da Antropologia brasileira.
Faleceu em 14 de fevereiro de 1923 e seu trabalho de resgate da contribuição cultural da diáspora africana na Bahia é pioneiro e se contrapõe aos discursos oriundos da colonização. Ressurge na contemporaneidade movido pela atualidade histórica de suas reflexões sobre essa porção ainda marginalizada na sociedade.