Alvorada: IFBA inicia profissionalização de egressos do sistema prisional em Salvador

Fotos: Jamile Teixeira, Marília Bastos, Marcos Gilberto

Quando instituições se reúnem com o propósito de demonstrar que a educação é capaz de transformar vidas da mesma forma que a luz da alvorada anuncia um novo dia, a vida dos que experimentaram a noite das escolhas equivocadas muda junto com a sociedade. Foi conectado com esse ideal que surgiu o Projeto Alvorada - ciclo 2, iniciativa do Ministério da Justiça e da Segurança Pública em parceria com as instituições que compõem a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Integrando essa rede, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), campus Salvador, realizou na tarde da última terça-feira (8) a aula magna do primeiro curso no Salão Nobre do Instituto.

Financiado com recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), o projeto de extensão do campus Salvador foca na inclusão social produtiva de pessoas egressas do sistema prisional. Esses novos estudantes farão o curso de Formação Inicial e Continuada (FIC) de Pintor para Construção Civil e Reformas Prediais. As aulas acontecerão do mês de abril até novembro de 2025, no próprio campus. Ao final do curso, a meta será inserir no mundo do trabalho perto da totalidade dos 30 estudantes matriculados.

Estiveram presentes na abertura a reitora do IFBA, Luzia Mota, a diretora geral do campus Salvador, Luanda Kivia Rodrigues, a deputada estadual Olívia Santana, o secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, José Castro, o superintendente da Secretaria Penitenciária (Seap), Bacildes Azevedo, o conselheiro Penitenciário da Bahia, Joel Mendes, a pró-reitora de Extensão, Nívea Cerqueira, a diretora de Extensão e Relações Comunitárias do campus Salvador, Vitória Soares, a coordenadora de Extensão do campus, Raquel Sachdev, e o coordenador executivo do projeto Alvorada no IFBA, Georges Rocha.

A reitora Luzia destacou que atualmente a Bahia tem cerca de 15 mil pessoas encarceradas e a ressocialização é a parte mais difícil e só será facilitada com a capacitação profissional de cada um deles. “Que tenhamos bons resultados para que nós possamos avançar cada vez mais nessa contribuição para a sociedade. Quando nós acolhemos egressos do sistema penal, fazemos a qualificação profissional, contribuímos com a reinserção dessas pessoas no sistema produtivo e na sociedade e estamos tornando o mundo um lugar melhor para todos/as nós. Eu estou muito feliz que, no meu reitorado, possamos dar essa contribuição para a sociedade baiana”, afirmou Luzia.

Também conectada com esse propósito de contribuição social, a diretora Luanda Kívia pontuou que o projeto Alvorada consegue unir as duas áreas consideradas como as bases do IFBA e da própria rede federal, que são a qualificação profissional, com um know-how de formação que é centenário em nosso país, e a concepção social em suas ações. Ela frisou que o projeto abre uma percepção para uma parte da sociedade pouco vista, "que são a dos egressos do sistema prisional”. A diretora lembra que essa experiência por ser nova pode provocar desafios e resistências porém “eu estou muito esperançosa de que teremos aqui em Salvador um caso de sucesso”, que é formar 30 pessoas para o mundo do trabalho. Já imaginando as possíveis barreiras que esses novos estudantes poderiam enfrentar após a conclusão do curso, Luanda ressalta que a experiência deles no IFBA será não apenas de qualificação mas também de busca por uma vaga de emprego para cada um deles através da equipe do projeto.

A atual situação carcerária no Brasil é preocupante e instituições públicas como o IFBA podem auxiliar na pacificação social. Foi o que refletiu o coordenador Georges Rocha, destacando que essa experiência do Alvorada - ciclo 2 pode se transformar numa oportunidade para que nasça uma nova consciência na própria comunidade interna em relação a contribuição com a paz e a segurança na sociedade. “Estou muito contente que a gente tenha conseguido fazer isso. Espero que seja a primeira de inúmeras oportunidades”, afirmou Georges.

No campus Salvador, além de aulas teóricas e práticas, vão ser realizadas visitas técnicas e os estudantes serão acompanhados por mentores e pelo Núcleo de Inclusão Social e Produtiva, composto por um professor dedicado a prospectar estágios e empregos e auxiliar na inserção social e produtiva dos participantes.

Além dos cursistas e seus familiares, a aula magna teve a presença de membros da coordenação executiva do projeto, docentes, mentores e técnicos administrativos. Matheus Guimarães, egresso de Mecânica, foi o mestre de cerimônias. Durante a evento, houve, ainda, um momento cultural, com a apresentação de estudantes e professores do curso subsequente de Instrumento Musical.

O campus Salvador é um dos 23 campi dos 17 Institutos Federais, entre as 34 propostas que concorreram aos recursos do Ministério da Justiça e da Segurança Pública que implementará esse projeto. Outras aulas magnas estão sendo realizadas entre os meses de março e maio, em diversas instituições da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. Além de Natal, cidades como Curitiba, Salvador, Porto Alegre e Goiânia também estão recebendo eventos semelhantes. O ciclo 2 contará com 23 implementações nos estados de Goiás, Bahia, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

NOSSAS IMAGENS

Fotos: Jamile Teixeira, Marília Bastos, Marcos Gilberto
Entrevistas: Jamile Teixeira
Texto: Henrique Soares
Edição: Andréa Costa