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Entrevista - Novo diretor-geral do campus Euclides da Cunha

Nesta entrevista concedida à Coordenação de Comunicação do IFBA Euclides da Cunha, Josinaldo Cardoso conta um pouco sobre sua história de vida e trajetória profissional, e fala sobre as principais metas para os quatro anos de mandato no cargo para o qual foi eleito no final do ano passado. Nomeado para o cargo recentemente por meio da Portaria nº 1.570, de 26 de março de 2024, o novo dirigente será empossado pela reitora Luzia Mota, no próximo dia 12 de abril.
publicado: 03/04/2024 10h31, última modificação: 07/04/2024 12h30

Por Rodrigo Meneses (Comunicação - Campus Euclides da Cunha)
Edição: Bárbara Souza (DGCOM)

Josinaldo Manoel Cardoso foi nomeado diretor-geral do campus Euclides da Cunha do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) por meio da Portaria nº 1.570, de 26 de março de 2024, publicada no Diário Oficial da União no último dia 28. Josinaldo foi eleito com 43,6% dos votos pela comunidade do campus nas eleições realizadas em novembro de 2023, após disputar o cargo com Helcimar Moura de Jesus, que teve 39,6% dos votos. O resultado final do pleito pelo qual a comunidade escolheu 21 diretores(as)-gerais dos campi foi divulgado em dezembro, pela Comissão Eleitoral Central (CEC) e está disponível na página Eleições IFBA 2024-2027.  O novo dirigente será empossado  pela reitora Luzia Mota, que foi reeleita para o segundo mandato e será reconduzida ao cargo em solenidade a ser realizada no próximo dia 12 de abril na Reitoria do IFBA, no bairro do Canela, em Salvador.

Josinaldo Cardoso (Foto: Coordenação de Comunicação / Campus Euclides da Cunha)

Bibliotecário formado pela Universidade de Brasília (UNB) e servidor do campus Euclides da Cunha há sete anos, Josinaldo sempre teve o desejo de voltar para a região onde nasceu e cresceu, o que o motivou a pedir redistribuição da Universidade Federal de Sergipe (UFS) para o IFBA Euclides da Cunha. Em suas palavras, a Instituição não é apenas um local de trabalho. “É muito mais do que o meu trabalho. Ele é uma oportunidade de mudar vidas”. A entrevista a seguir, concedida à equipe de Comunicação do campus, reúne informações e relatos que contam um pouco da história do novo diretor-geral do IFBA Euclides da Cunha, que fala sobre as principais metas de sua gestão para os próximos quatro anos.

“Sou filho caçula de uma família de 13 filhos, meus pais são analfabetos e eu sou o único da família com curso superior”, conta Josinaldo, que carrega desde a infância o apelido de “Jorge”. Por quê? Confira na entrevista.

Pode nos contar um pouco da sua história de vida?

Josinaldo Cardoso: Então, meu nome é Josinaldo Manoel Cardoso, 45 anos, e o meu apelido Jorge vem da infância. Sou filho caçula de uma família de 13 filhos, meus pais são analfabetos e eu sou o único da família com curso superior. Meus irmãos sempre foram me chamando de Jorge e é daí que veio o apelido. Eu não sei explicar muito bem o motivo (risos). Os apelidos que pegam a gente assim, desde a infância, ele acaba acompanhando para a vida toda. É igual ao nome que a gente recebe. É uma coisa que nos dão e a gente leva. Como eu tenho muita vivência aqui em Euclides da Cunha, tenho muitos parentes aqui, sempre frequentava a cidade e há alguns anos moro aqui, acaba que as pessoas da rua me conhecem pelo apelido Jorge. Josinaldo ou Jorge, qualquer um dos dois está valendo. Inclusive, eu coloquei Jorge como meu nome social nos sistemas do governo, porque é uma coisa que eu carrego comigo desde a infância, então já inerente à minha pessoa. 

O senhor nasceu e foi criado na Bahia, mas estudou, morou e trabalhou em outros estados. Pode falar mais um pouco sobre sua formação acadêmica e trajetória profissional?

Josinaldo: Eu vim ao mundo aqui em Euclides da Cunha. Antigamente o povo saía dos lugares onde não havia assistência médica para ter os filhos na cidade um pouquinho melhor. Eu sou de Macururé (cidade a 155 km de Euclides da Cunha e que também fica situada na região Nordeste da Bahia) e me criei no povoado Formosa, pertencente a Macururé. Com 11 anos, fui morar em Rodelas para fazer o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Depois fui para Brasília para tentar alguma coisa, tentar estudar, tentar trabalhar, e aí foi nessa oportunidade de ir pra Brasília que eu consegui entrar na Universidade Federal, lá em Brasília, na UNB, onde estudei Biblioteconomia. Passei em um concurso lá também, mas eu sempre tive o desejo de retornar para perto da família. Teve um edital para um concurso na Universidade Federal de Sergipe (UFS) e aí eu vim fazer essa prova em 2008 e passei. Em 2008 mesmo eu me mudei para Aracaju.

Quando ingressou no IFBA e por que decidiu vir para a Instituição?

“Contamos também com o apoio de toda a comunidade em volta. Uma coisa que falei bastante durante alguns momentos de campanha é justamente sobre isso, da união, de fortalecer a caminhada através da união entre docentes, discentes, comunidades, servidores e funcionários terceirizados. Essa parceria é indispensável e muito importante, porque todos nós temos o mesmo objetivo”.

Josinaldo:  Quando fundaram o campus aqui em Euclides da Cunha, não preencheram a vaga de bibliotecário no primeiro concurso. Depois da notícia dessa vaga, eu vim conversar com a gestão da época pra saber se eles tinham interesse. Eles confirmaram o interesse e a gente buscou. Corri atrás do processo de redistribuição. Isso foi em 2017. E desde então eu estou aqui no Instituto Federal da Bahia Campus Euclides da Cunha.

Eu sempre tive o desejo de voltar para minha região, né? Aqui no Sertão, no Semiárido. E eu vim baseado nisso. Quando eu cheguei aqui (IFBA), foi uma realidade totalmente diferente. A gente vem de uma Universidade Federal onde o público que a gente atende é totalmente diferente do público que a gente atende no IFBA. A gente trabalha com o ensino médio e o ensino técnico. Lá a gente trabalhava com o ensino superior. [Nota: o IFBA também oferta cursos superiores, mas até o momento o campus Euclides da Cunha oferta cursos técnicos e de pós-graduação (especialização) EaD. Uma das metas da nova gestão do campus é a implantação do curso superior de Engenharia Civil. ]  Então, são públicos diferentes. E eu levei algum tempinho pra me adaptar, inclusive, com as rotinas, com o público que a gente atende, com o tipo de serviço que a gente oferece aqui na biblioteca. Mas aí foi surgindo em mim um interesse maior de enxergar a região, de enxergar o potencial que o campus tem pra região.

Por que o senhor decidiu se candidatar ao cargo de diretor do IFBA Euclides da Cunha? Como surgiu esse desejo?

Josinaldo: Na verdade é uma construção. Quando cheguei aqui, eu via muita lacuna, enxergava o potencial do campus, enxergava as necessidades dos arranjos locais, das comunidades, entendeu? E isso sempre me inquietou muito. E aí a gente conversava com os colegas nos corredores, nos seus setores de trabalho e a gente sempre vinha desenvolvendo essa ideia de melhorar o IFBA, de melhorar a comunidade através dos serviços do IFBA, de trazer as comunidades para dentro do IFBA, de ir até essas comunidades, ou seja, de criar um vínculo de pertencimento à região e de acolhimento das comunidades, entre outros fatores.

Através de muito diálogo com alguns colegas e diante de algumas realidades, a gente decidiu tirar um nome para concorrer à direção com o desejo dessa transformação, dessa evolução, desse avanço. No sentido mesmo de contribuir para a sociedade, de devolver para a sociedade tudo que é investido na instituição.

Essa ideia também de fixar a pessoa aqui para ajudar a fomentar a região porque é um dos objetivos do Instituto Federal. A gente trabalha com ciência, educação, pesquisa e tecnologia de forma geral. A ideia é trazer novos mecanismos. Novas maneiras de fazer, ou seja, novas tecnologias. Desenvolver os saberes das pessoas para aprimorar as técnicas, de forma que as pessoas fiquem na região, possam trabalhar de maneira mais eficiente e tirar cada vez melhor o sustento da sua própria realidade.

Quais as principais metas da sua gestão?

“A gente pretende também implantar o curso superior, que já está em andamento a análise. No Consepe (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão), foi definido que seria o curso de Engenharia Civil, que foi o mais votado quando houve a consulta pública”.

Josinaldo: É a gente reforçar o nosso trabalho, o nosso ensino, a qualidade do ensino. A gente costuma dizer que primeiro temos que arrumar a casa para depois enxergar e arrumar a casa do outro, né? E esse é o pontapé inicial. Dentro dessa perspectiva, a gente pretende também implantar o curso superior, que já está em andamento a análise. No Consepe (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão), foi definido que seria o curso de Engenharia Civil, que foi o mais votado quando houve a consulta pública. Então esse é um dos objetivos.

Tem outros objetivos que envolvem a comunidade externa como, por exemplo, estar mais presente na comunidade, melhorar a imagem institucional perante as comunidades, perante a sociedade. Criar algumas parcerias que a gente enxerga como necessárias e que fortalecerão a atuação do IFBA. Melhorar o quadro de pessoal junto à Reitoria, junto ao Ministério da Educação. Existem algumas lacunas que impedem o pleno funcionamento de alguns setores e, por exemplo, a ampliação da oferta de cursos.

A gente tem interesse em aumentar um eixo tecnológico. No momento, a gente só trabalha com dois, que são Edificações e Informática. A gente pretende buscar junto à Reitoria a possibilidade de trazer mais um eixo tecnológico para que a gente possa ampliar a oferta e assim causar o impacto a que se propõe a instituição na sociedade.  

Como a comunidade interna pode ajudar a sua gestão a atingir essas metas?

Josinaldo: No momento, a gente tem pouca gente para fazer muita coisa. Só que muitas coisas dependem da união. Eu acho que atuar na liderança das pessoas, mobilizar as pessoas nesse sentido, fortalecerá muito a equipe que já existe. 

O que o IFBA representa para o senhor?

Josinaldo: Ele é muito mais do que apenas um meio de ganhar dinheiro. É muito mais do que o meu trabalho. Ele é uma oportunidade de mudar vidas. É isso. Porque quando você se apega à sua região, quando você se identifica com a sua região e você enxerga uma instituição como o IFBA, e você compara com a sua história de vida, por exemplo…Se eu, em 1999, tivesse tido uma oportunidade de um estudo que nem o IFBA oferece hoje, eu não teria deixado a minha região pra estudar fora. Não que isso tenha sido ruim, muito pelo contrário, foi muito bom, agregou, me enriqueceu cultural e pessoalmente. Mas, quando você tem a oportunidade de estudar no seio familiar, é muito melhor do que você ter que sair para outra realidade. E o IFBA significa isso, essa questão de transformar vidas. Melhorar a qualidade de trabalho, melhorar, inclusive, essa questão da percepção da realidade, da sua própria identidade. E isso reflete, com certeza, na sociedade. 

Qual mensagem você deixa para a comunidade IFBA neste início de gestão?

Josinaldo: Euclides da Cunha é um município privilegiado. A maioria das cidades gostariam de ter um campus do IFBA na sua sede. Então, o que eu tenho para dizer é que aproveitem essa oportunidade. É uma ferramenta poderosa, é uma instituição capaz de mudar a realidade. A educação transforma vidas e muda realidades. As cidades vizinhas também estão nesse grupo, porque o IFBA não está para atender só Euclides. Ele atende, pelo menos, sete municípios diretamente. E o que a gente tem para dizer é que estamos de portas abertas, que esperamos e contamos com a oportunidade de criarmos parcerias, de fortalecer não só o IFBA, mas toda a região que está em volta de Euclides da Cunha, porque a educação transforma vidas.

Contamos também com o apoio de toda a comunidade em volta. Uma coisa que eu falei bastante durante alguns momentos de campanha é justamente sobre isso, da união, desta questão de fortalecer a caminhada através da união entre docentes, entre discentes, entre comunidades, servidores e funcionários terceirizados. Essa parceria é indispensável, essa parceria é muito importante, porque eu acredito que o objetivo é comum. Todos nós temos o mesmo objetivo. Quando a gente alinha o pensamento e estende as mãos, a gente multiplica a força. E por isso que a gente sempre diz que quando a gente está junto, a gente é mais forte. Então, acredito nessa caminhada lado a lado, buscando compreender as demandas de cada um. A gente tem que ter uma base de cada segmento. E na medida do possível, com o esforço necessário, conseguiremos tudo o que a gente se propõe a fazer nessa nova gestão.