Você está aqui: Página Inicial > Notícias > 2023 > Power4Girls: como foi a experiência das equipes do IFBA em 2022
conteúdo

Power4Girls: como foi a experiência das equipes do IFBA em 2022

As equipes "ChaMinas" e "EcóLico", dos campi Camaçari e Eunápolis representaram o IFBA na edição 2022 do Programa Power4Girls - Empower to Lead. A edição 2023 está com inscrições abertas até 16 de fevereiro.
por Iali Moradillo publicado: 27/01/2023 11h17, última modificação: 27/01/2023 11h27

Empoderar meninas por meio de estratégias voltadas para o empreendedorismo, inovação, criatividade e liderança é a proposta do “Power4Girls – Empowerto Lead”, uma iniciativa da Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil, numa parceria com Instituto Glória e Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif). Tendo como público-alvo alunas dos Institutos Federais, o Power4Girls busca fomentar o desenvolvimento de habilidades em empreendedorismo, inovação e responsabilidade social e também  estimular e capacitar meninas no campo da ciência e liderança.

Na edição 2022, o tema central foi resolução de problemas socioambientais e incentivo à sustentabilidade, e as equipes "ChaMinas", do campus Camaçari e "EcóLico", do campus Eunápolis foram as representantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA).

Foto: Divulgação

ChaMinas, foi selecionada com o projeto “A contaminação do ar gerada pela emissão de gases poluentes do complexo industrial de Camaçari-BA, região metropolitana de Salvador”. Já a equipe EcóLico, foi selecionada com o projeto homônimo que visava tornar a energia elétrica mais acessível para pessoas de baixa renda e que se encontram em situação de vulnerabilidade.

QUALIDADE DO AR: APLICATIVO E PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO  

Ao longo de seis meses, de março a setembro de 2022, as equipes estiveram envolvidas no programa, foram muitos momentos de aprendizados, adaptações e amizades, conforme nos detalham os componentes dos grupos,

Inicialmente, o projeto da equipe ChaMinas, de Camaçari, previa a criação de filtros inteligentes para serem instalados em fábricas da região. Os filtros ajudariam a reter os cases e captariam dados referentes à quantidade emitida por cada fábrica da região, o que reduziria a quantidade de poluentes emitidos, apresentando um impacto positivo na qualidade de vida da população da cidade.

Equipe ChaMinas (Foto: Divulgação)

 

"Devido às dificuldades técnicas que encontramos e devido a notarmos a discrepância existente entre os dados e a qualidade do ar propriamente dita, resolvemos mudar o nosso projeto para um aplicativo que coletava dados sobre a percepção dos moradores de Camaçari sobre a qualidade de ar do seu bairro, assim como sintomas que sentiam que atribuiriam à falta de qualidade do ar (ex: falta de ar, dor de cabeça, alergias respiratórias, etc). Também teríamos a parte educacional, com visitas em escolas e uma parte de projetos colaborativos, onde usuários poderiam criar produtos sustentáveis".
Fernanda Rebege, professora do IFBA.

As diversas situações vivenciadas acabaram por se tornar obstáculos no desenvolvimento original do projeto, sendo por isso necessário realizar algumas adaptações. “Devido às dificuldades técnicas que encontramos para o efetivo desenvolvimento do filtro, por não sermos da área, e devido a notarmos a discrepância existente entre os dados e a qualidade do ar propriamente dita, resolvemos mudar o nosso projeto para um aplicativo que coletava dados sobre a percepção dos moradores de Camaçari sobre a qualidade de ar do seu bairro, assim como sintomas que sentiam que atribuiriam à falta de qualidade do ar (ex: falta de ar, dor de cabeça, alergias respiratórias etc). Este aplicativo também teria a área de descontos em lojas parceiras, para os usuários mais engajados. Também teríamos a parte educacional, com visitas em escolas e uma parte de projetos colaborativos, onde usuários poderiam criar produtos sustentáveis”, concluiu a docente.

A alteração na proposta inicial não foi um problema para Cecília Brito, que encarou todo o processo com naturalidade. “A mudança acabou acontecendo de maneira natural ao decorrer do programa onde aprendemos sobre gerenciamento de projetos, viabilidade, pivotagem [mudança na estratégia do negócio] e também quando nos aprofundamos mais no problema da poluição atmosférica em Camaçari, percebemos que faltava conhecimento e informação acessível para população camaçariense e que seria, em um primeiro momento, mais importante conscientizar a população e fazer um monitoramento do ar mais transparente, por isso a proposta do aplicativo”,  informou a estudante.

A equipe foi acompanhada durante todo o projeto pela mentora, Heloísa Valenzuela, estudante de Engenharia de Energia na Universidade de Brasília (UnB), que se tornou membro da equipe realmente. “Discutíamos sobre o potencial do projeto, sobre pra quem vender, que problemas o filtro iria resolver, as forças, fraquezas, etc.  Helô também trouxe várias profissionais para agregar as mentorias, como a fonoaudióloga @patriciacvoz@cristinacastro da @eusouagloria e sua mãe @com.valenzuela que trabalha com projetos na ONU”, informou Fernanda.

ENERGIA EÓLICA:  CATAVENTO E INCLUSÃO SOCIAL

Equipe EcóLico (Foto: Divulgação)

 

"A construção do protótipo foi um desafio muito grande por diversos fatores: a complexidade da ideia; requereu um trabalho exaustivo; durante o percurso constatou-se a necessidade de alterar o modelo idealizado originalmente para adaptar materiais e manter a essência da ideia bem como atender ao tema do programa; os muitos ajustes que foram sendo necessários até torná-lo efetivo; a necessidade de buscar colaboração de professores de diversas áreas do conhecimento; indisponibilidade de recursos financeiros".
Aldemir Azevedo, professor do IFBA.

Adaptações também foram necessárias no projeto da equipe Ecólico, formada pelo docente Aldemir Inácio de Azevedo e pelas alunas Gabrielly Cardoso Rocha, do curso técnico integrado em Edificações, e Luisa Ferreira Ton e Thawany Alves Ferreira do curso técnico integrado em Meio Ambiente.  A proposta da equipe era tornar a energia elétrica mais acessível para pessoas de baixa renda, comunidades rurais e famílias que não têm energia e que se encontram em situação de vulnerabilidade, através da construção um  catavento produzido a partir de materiais reciclados, para  transformar energia eólica em energia elétrica.

A equipe foi mentorada por Maria Eduarda, estudante de Biotecnologia da UnB e trabalhou com afinco para se manter fiel à proposta original do projeto, conforme explica Aldemir.

“A construção do protótipo foi um desafio muito grande por diversos fatores: a complexidade da ideia; requereu um trabalho exaustivo; durante o percurso constatou-se a necessidade de alterar o modelo idealizado originalmente para adaptar materiais e manter a essência da ideia bem como atender ao tema do programa; os muitos ajustes que foram sendo necessários até torná-lo efetivo; a necessidade de buscar colaboração de professores de diversas áreas do conhecimento; indisponibilidade de recursos financeiros”, diz o professor do IFBA.

Segundo ele, a equipe contou com a contribuição de dois servidores parceiros no campus que foram “fundamentais” para a execução da construção do protótipo, o professor de Física Flávio de Jesus Costa e o técnico do Laboratório de Física Leonardo Matias de Jesus. “O produto atendeu ao que era exigido pelo programa para a apresentação em Brasília, mas o protótipo ainda não foi possível instalar devido à exigência de mais testes e aperfeiçoamento do projeto, assim como a necessidade de recursos financeiros para a sua implementação em uma comunidade”, detalhou Aldemir.

RECONHECIMENTO E PREMIAÇÃO

Equipe do IFBA com o embaixador dos EUA, Douglas Koneff

Mesmo não tendo sido instalado em uma comunidade, o projeto gerou uma comoção grande em Eunápolis. “A conclusão (do protótipo) gerou uma visibilidade importante na região, pois quando ficou pronto foi noticiado em diversos canais de mídia (inclusive uma matéria na afiliada regional da Rede Globo) – sites, rádios, blogs e TV. No mês de outubro de 2022 uma organização local solicitou uma apresentação do projeto para conhecê-lo melhor e se propôs a intermediar uma conversa com uma empresa multinacional instalada na região para pleitear algum tipo de apoio. Na época, a atividade não foi realizada porque estava em período eleitoral, mas é possível que ela aconteça”, informou o docente.

Durante o Programa, além dos encontros de mentoria semanal, as equipes participaram de workshops mensais com temáticas variadas, como: Canvas de Propósito, Gerenciamento de Projetos e Sustentabilidade, Empreendedorismo e Mindset Startup, Storytelling para Projetos Sustentáveis, Propriedade Intelectual, Pitch de Projetos e Diferentes fontes de Recurso para Startups.

Entre os dias 15 e 17 de setembro de 2022, todas as 20 equipes selecionadas participaram de um encontro em Brasília (DF), que incluiu participação em palestras, apresentação dos projetos nos stands e apresentação do Pitch, premiações e cerimônia de encerramento daquela edição do Programa. A estudante Luisa Ton, da equipe Ecólico foi uma das três meninas premiadas entre todas as equipes, pela dedicação ao programa.

Estudantes premiadas do Brasil (Foto: Divulgação)

Para ela, a premiação foi uma surpresa. “Participar de um evento que foi resultado de meses de trabalho e dedicação foi com certeza uma experiência muito boa, além disso, nossa equipe recebeu nota máxima no Pitch!; ganhar um prêmio de reconhecimento por desempenho é sempre algo muito bom, fiquei muito feliz e surpresa”, e ressaltou que o que vivenciou no Programa foi muito além da experiência profissional e acadêmica: “conversei em inglês com representantes da Embaixada dos EUA de diferentes lugares do globo, e é sempre bom conhecer novas culturas, novos sotaques. e acho que é isso mesmo que irei levar do programa, além da experiência profissional e acadêmica, vou levar também diversas pessoas que conheci”, concluiu.

Para os envolvidos no projeto, ficou evidente que os ganhos foram muito além do conhecimento técnico e acadêmico. “Para além do protótipo, julgo que tivemos resultados igualmente importantes na formação das estudantes que participaram: capacidade de identificar, caracterizar e exercer o empreendedorismo à luz de demandas feitas pelo atual mercado de trabalho; capacidade de analisar a cultura e estratégias para o planejamento e continuidade das ações desenvolvidas durante o programa; capacidade de sistematizar ideias e conceitos, assim como, discutir, criticamente o conceito de empreendedorismo, inovação e responsabilidade social”, explicou o professor Aldemir. 

MENINAS POWER

Meninas Power das duas equipes do IFBA (Foto: Divulgação)

Cecília também compartilha da mesma opinião que Luisa e Ademir.  “O Power4Girls foi um programa muito intenso. Foram seis meses de muito aprendizado com diversas mentorias, workshops e palestras onde aprendemos sobre empreendedorismo, liderança e sustentabilidade. Que serviram de apoio para que construíssemos o projeto que foi apresentado em Brasília no evento de encerramento. Nele tivemos contato com outras ‘Meninas Power’ de diferentes localidades do Brasil e com diferentes vivências. Esse contato foi extremamente enriquecedor e foi uma das coisas que tornaram a energia do programa e do evento de encerramento tão mágica”, detalhou a estudante de Camaçari.

A aluna reforçou que toda a experiência vivida foi muito especial e desejou que mais colegas possam passar pelo mesmo processo de aprendizado.  “Claro, que todo o caminho foi muito desafiador, nós tivemos que nos esforçar para aprender coisas novas e lapidar nosso projeto. Mas acredito que toda menina que estuda em um Instituto Federal deveria conhecer e aplicar para o Power4Girls, pois será uma experiência muito especial e única, onde você poderá pensar em soluções para problemas enfrentados na sociedade”.

Foto: Divulgação

As inscrições para a edição 2023 do Programa encontram-se abertas e podem ser realizadas até o próximo dia 16 de fevereiro. O tema deste ano é “Empreendedorismo, a inovação e a responsabilidade social para o ambiente de trabalho do século XXI”. Saiba mais no site do evento: www.power4girls.com.br.

 

 

 Notícias relacionadas:

Programa Power4Girls vai selecionar estudantes em projeto que busca empoderar meninas por meio do estímulo à criatividade e inovação

Equipes do IFBA são aprovadas em programa da Embaixada Norte-Americana