Estudantes da Licenciatura em Computação desenvolvem games para cenários educacionais

“Compreender como os games enquanto dispositivos formativos podem contribuir na aprendizagem e no ambiente pedagógico e produzir um jogo ou uma estratégia didática baseado/a nos cenários educacionais”. Essa foi a proposta da disciplina optativa Games e Educação, ofertada pela primeira vez aos graduandos da Licenciatura em Computação do Campus Jacobina do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) no segundo semestre do ano passado. A matéria foi ministrada pela professora mestra Vanessa Rios. 

"Os estudos se organizaram para a produção de jogos em diferentes formatos e temáticas a partir da relevância e interesse dos alunos. Ao final da disciplina, tivemos seis games educacionais, sendo quatro digitais e dois analógicos", explica a docente, que pretende ofertar a matéria novamente neste ano sob o olhar das práticas gamificadas na educação.

"É importante destacar que boa parte dos alunos estava cursando a disciplina Estágio Supervisionado II e Estágio IV. As experiências nesses estágios, somadas aos interesses dos discentes, influenciaram diretamente na escolha da temática dos jogos, que abrangeu matemática, inglês para educação infantil, conhecimentos gerais, história, meio ambiente e personalidades negras.

No dia 9 de fevereiro, à noite, como parte da programação da Semana de Integração, a docente e os licenciandos realizarão Mostra de Jogos Educacionais no Laboratório de Informática 2 do campus. 

 JacoGame

Uma cidade fictícia semelhante a Jacobina... Dois personagens, Popo e Popa, que precisam descobrir quem é responsável pelo caos na cidade. Como todo bom jogo de plataforma, há inimigos a serem combatidos até o desafio final. 

Com esse perfil, o JacoGame pretende interagir com crianças do Ensino Fundamental I a fim de conscientizá-las sobre o meio ambiente por meio da crítica social.

Idealizado pelo formando João Maurício Alves, 36, em parceria com os colegas Gabriel Cavalcante e Everton Santos, o game está disponível em versão desktop web, mas ainda se encontra em fase de aperfeiçoamento, para evitar bugs e otimizar os elementos gráficos e sonoros.

Maurício (lado D), ao lado do prof. Ivo, interagindo com o game desenvolvido

Antes de ingressar no IFBA, Maurício já trabalhava na área de Redes de Computadores e Telecomunicações. "Na licenciatura vi uma oportunidade para adquirir conhecimento técnico em programação. Com o tempo, percebi que o curso oferecido no Campus Jacobina vai além disso, pois também enfatiza a importância da docência e ajuda a entender a relevância social de ser professor. O curso mostra como usar a computação como ferramenta em sala de aula e apresenta como o licenciado pode contribuir para o desenvolvimento e a organização pedagógica diante de novas tecnologias. Na pandemia, por exemplo, a sociedade necessitou mais do que nunca de recursos humanos capacitados para aplicar tecnologias em ambientes remotos que, claramente, poderiam ser supridos pelo licenciado em computação", pontua.

Program Adventure

Aquela aventura através da qual uma garota usando jetpack sobrevoa o cenário em busca de alguns baús espalhados pelo cenário, que guardam pergaminhos com informações importantes, relacionadas a conceitos básicos de lógica de programação. Ao longo das fases, é preciso fugir ou atacar corvos que voam pelo céu. Cata etapa conta com quiz para avaliar a aprendizagem do jogador acerca dos temas abordados.

Autoria de Andressa Mota, 24,  o game se encontra em fase de atualização e em breve estará disponível na plataforma GX Games. "Esse projeto eu tomei como desafio pessoal, já que não tinha nenhuma noção de como desenvolver um jogo desse tipo. Então, apenas com a minha bagagem de lógica de programação, comecei a estudar  Game Maker Language, que é a linguagem de programação da Engine Game Maker Studio, plataforma para o desenvolvimento de jogos digitais. No período de um mês a primeira versão estava pronta para avaliação da professora e sugestões de mudanças; após mais 15 dias, o jogo estava completo com cinco (5) fases”, descreve a jovem.

Andressa é egressa do curso técnico de informática do campus e pretende seguir carreira na área. "Ingressei no IFBA em 2013. Tive muita dificuldade com a matéria de lógica de programação; parecia que era impossível compreender a lógica e os códigos, mas escolhi transformar minha maior fraqueza no meu ponto forte e me dediquei a estudar a disciplina mais do que qualquer outra coisa. Com o passar do tempo, já tinha a melhor nota da turma na matéria, e isso me fez admirar a área da programação. A partir daí, comecei a ter facilidade em todas as disciplinas que envolvessem o assunto. Sempre gostei de jogos; desde muito pequena jogava em consoles e ficava maravilhada com o mundo dos games, então decidi fazer meu TCC do ensino técnico na área de Gamificação. Resolvi dar continuidade no ensino superior e ingressei na Licenciatura. Sinto como se o IFBA fosse a minha própria casa!", comenta.

Demais jogos (analógicos): 

Próximos passos

Segundo a professora Vanessa, a meta agora é divulgar essas mídias, utilizando-as em experiências de sala de aula, como nos estágios, e elaborar artigos para eventos científicos. 

Em novembro de 2022, 34 estudantes da licenciatura estiveram em visita técnica no Senai/Cimatec, em Salvador/BA, para conhecer a infraestrutura tecnológica dos supercomputadores que são referência no país. Os graduandos ainda participaram do 7º IF Game Experience, evento promovido pelo Campus Lauro de Freitas. Na ocasião, docentes desse campus também promoveram oficinas de iniciação ao desenvolvimento de jogos para a equipe de Jacobina, demonstrando ferramentas e técnicas desse processo. 

Ao lado do analista de TI do campus, também professor da área no campus, Ivo Chaves, está sendo planejada nova visita técnica para os licenciandos participarem de imersão voltada para essa temática em parceria com a equipe do curso de Jogos Digitais do referido campus.

* Verusa Pinho é jornalista do Campus Jacobina.