Conferência internacional do IFBA abordará contexto de lutas e resistências e a defesa de uma educação antirracista, no Dia da África
Responsável pela realização de formações por áreas do conhecimento e interdisciplinares no enfrentamento ao racismo no âmbito do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), o Programa Asé-Toré tem mais uma iniciativa nesse próximo dia 25 de maio, a conferência internacional Dia da África: em defesa de uma educação antirracista. O evento virtual é aberto ao público e será transmitido, ao vivo, a partir das 10h, pelo canal da TV IFBA no Youtube.
O debate sobre o contexto atual de lutas e resistências e a defesa de uma educação antirracista contará com as participações de Joacine Katar, historiadora e política negra nascida na Guiné-Bissau, doutora em Estudos Africanos e mentora e fundadora do INMUNE – Instituto da Mulher Negra em Portugal; Márcio Paim, historiador mestre e referência na formação de História da África, Relações Étnico-raciais e cinema africano; e Isna Gabriel Sia, guineense, graduado em Ciências Humanas pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e, atualmente, estudante do IFBA, no curso Licenciatura em Matemática, campus Salvador.
Heide Damasceno, coordenadora geral do programa, explica a importância da realização do evento na data simbólica: “A comemoração do Dia da África é uma referência à luta política dos países africanos contra o colonialismo e imperialismo europeu e data simbólica, mais um dia de reflexão sobre os processos históricos que determinaram a formação do Brasil. Importante demarcarmos esta data com evento de formação do programa de forma a contribuir com formação histórica, com debate contemporâneo sobre o racismo em âmbito mundial, além de ouvir especialistas e pessoas africanas sobre a luta antirracista. A educação tem papel fundamental neste processo”, enfatiza.
Para a assistente social, com as participações dos (a) especialistas, “o IFBA ganha um debate extremamente fundamentado e qualificado”. Ela conta ainda que a conferência é só uma das novidades da programação do Asé-Toré. “Nos meses de junho e julho ainda serão programados debates na área das Ciências Sociais, discutindo categorias sociais, discussões sobre Linguagens, Artes e Cultura, sempre pautando as demandas contemporâneas do povo negro e população indígena brasileira”, esclarece Heide.
ATUAÇÃO DO ASÉ-TORÉ
Idealizado pela Diretoria Sistêmica de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis, através do Departamento de Políticas Afirmativas (DPAF), em 2020, o programa leva em consideração a legislação vigente sobre a obrigatoriedade do ensino de história da África, culturas africanas, afro-brasileiras e Indígenas na Educação (Lei nº 10.639/2003 e Lei nº 11.645/2008).
Ao todo, 25 profissionais compõem a equipe, além de um conselho editorial da coleção pedagógica, contemplando diversas áreas de atuação, como História, Sociologia, Engenharias, Geografia, Biologia e Serviço Social. São: autoras/es e pareceristas, ilustradora, apoios administrativo e pedagógico, dentre outros, selecionados através da chamada pública nº 003/2020/DPAAE/IFBA, sob a coordenação nomeada por meio da Portaria nº 37 de 05 de janeiro de 2022.
Desde a sua implementação, em março desse ano, as ações planejadas avançaram. Está em fase final a elaboração de uma Coleção Pedagógica no IFBA, composta por 15 cadernos temáticos que trarão a partir de uma abordagem metodológica decolonial, o estudo da “História da África e dos africanos”, da “luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil”, da “cultura negra e indígena brasileira” e “o negro e o índio na formação da sociedade nacional”, conforme legislação nacional, e que serão utilizados em todos os níveis, formas e modalidades de ensino do IFBA e disponibilizados a toda comunidade interna e externa.
Segundo Priscila Silva, professora que coordena a produção, o objetivo dos cadernos temáticos é "oferecer conteúdo de formação denso, contudo, com metodologia acessível para que possa cumprir seu objetivo de sensibilizar e formar para a reeducação das relações étnico-raciais no Brasil. A Coleção destaca-se pela preocupação em evidenciar epistemologias das populações negras e indígenas. É caracterizada também pelo esforço de dialogar, pensar e produzir conhecimento a partir das experiências da coletividade", destaca.
Entre outras atividades, foi prevista a realização de 12 eventos de formação sobre Educação das Relações Étnico-raciais em cada um dos campi do IFBA e na reitoria, voltada para comunidade interna ou externa. Já foram realizados: a mesa sobre mulheres negras e indígenas no Brasil atual e o curso sobre Tecnologias Africanas e Educação, no mês de março; as palestras “Abril indígena: caminhos da descolonialidade na educação” e “Identidades negras no Brasil e a Lei de cotas”
e o minicurso “Procedimentos do trabalho em bancas de heteroidentificação na educação”, em abril. Heide conta que, para a promoção desses eventos, o programa conta com a parceria de diversos profissionais dos campi do IFBA, e dos Núcleos de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI's), recém implantados na instituição.
A última ação planejada para o primeiro ciclo do Asé-Toré foi a criação de uma biblioteca virtual no IFBA na temática da Educação das Relações Étnico-Raciais, a fim de democratizar o acesso a conteúdos no que tange a aplicabilidade das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, no que se refere à História e Cultura Afro-brasileiras e das comunidades originárias. Heide atualiza que foi constituído um grupo de trabalho (Portaria nº 1396 de 26 de abril de 2022) com servidoras (es) do IFBA e profissional de apoio administrativo e pedagógico do Programa Asé-Toré pra desenvolver a ação.
“O grupo realizou uma série de reuniões para sistematizar propostas e está entrando na fase de montagem da biblioteca através de sistema gerido pela Diretoria de Gestão da Tecnologia da Inovação (DGTI), contando com a valiosa experiência das bibliotecárias do IFBA, em especial da Gerência de Bibliotecas (Prodin). A biblioteca virtual Asé-Toré dará visibilidade às diversas ações desenvolvidas nos campi e reitoria, pelas diferentes áreas do conhecimento e no âmbito do ensino, da extensão e da pesquisa”, conta.
EQUIPE ASÉ- TORÉ
Autoras/es: Ângela Maria Ribeiro; Ayalla Oliveira Silva; Barbara Nascimento Flores; Danielle Ferreira Medeiro Da Silva De Araújo; Edson Machado de Brito; Everaldo Rodrigues Mota Junior; Florença Freitas Silvério; Henrique Antunes Cunha Junior; João Rodrigo Araujo Santana; Joelma Cerqueira de Oliveira; Jorge Luiz Gomes Junior; Maria Luzitana Conceição Dos Santos; Patricia Martins; Paula Regina de Oliveira Cordeiro; Renata do Nascimento Argemiro.
Pareceristas: Luana Roberta Gonçalves; Márcio Luís da Silva Paim; Marlene Pereira dos Santos; Raimundo Borges da Mota Junior; Francielle Silva Santos.
Apoio Administrativo pedagógico: Juliana Monique de Souza de Araújo
Apoio pedagógico: Nainalva Reis Santana
Ilustradora: Letícia Graciano Nunes
Conselho editorial: Dra. Eliane Silvia Costa; Prof. Dr. Henrique Cunha, Prof. Dr. Danilo de Souza Morais; Ms. Vilma Maria dos Santos Reis; Dra. Tânia Pedrina Portella Nascimento; Ms. Luciana Alves; Dra. Sélvia Carneiro de Lima; Dr. Marcelo Aranda Stortti; Dr. Edson Machado de Brito; Dr. Eduardo David de Oliveira.
Matérias relacionadas:
Programa Asé-Toré promove palestras e minicurso a partir de 19 de abril
Lançado edital do Programa Asé-Toré: Formação em Educação sobre Negras(os) e Povos Indígenas