ARTIGO - 12 de novembro no IFBA
Talvez a comunidade não saiba por que o IFBA nesta data vem a público, mas é de inteira importância que falemos de mais uma data que surge dentro da comunidade negra e se estende a toda a sociedade no mundo.
12 de novembro é aniversário da Organização Universal Zulu Nation (NY), surgida na década de 70, que, nesse mesmo período, também oficializa o aniversário do Hip Hop. Historicamente, a data é e deve ser comemorada em todo o mundo.
O mês de novembro é extremamente significativo pelas datas que se comemoram lembrando a importância do papel dos sujeitos e das sujeitas negras no espaço histórico e cultural do Brasil e do mundo.
Falar disso hoje é lembrar que a Gestão liderada pela professora Luzia Mota tem um compromisso para com a comunidade negra e as ações afirmativas, e dentre eles está o de reconhecer e trabalhar para que os grupos dessas componentes tenham visibilidade, reconhecimento, respeito e atendimento de suas questões dentro da instituição.
Sabemos que estudantes e servidores envolvem no tripé educacional (ensino, pesquisa e extensão) diálogos para com o Movimento Cultural Hip Hop.
Diante disso, essa singela homenagem é para que o papel de preservar as tradições jamais se perca dentro do IFBA e, principalmente, que ratifiquemos as ações dos grupos das maiorias minorizadas, seus feitos e suas datas históricas. Em nossa concepção, precisamos dar um basta ao silêncio social a quem essas vozes são submetidas.
O dia do hip hop hospeda uma comunidade positivada que se une para celebrar a verdadeira essência e emoção do que o Hip Hop deveria ser.
MC, DJ, FORMAS DE DANÇA (que incluem Breaking, Up-Rocking, Popping e Locking), GRAFITE e CONHECIMENTO formam os cinco elementos do Movimento Hip Hop elencados por Afrika Bambaataa, criador da Universal Zulu Nation, e que espalhou pelo mundo a ideia de que a violência poderia ser combatida a partir da cultura. No entanto, sem conhecimento, nada disso seria possível. Sem olhar para dentro, sem pensar os grupos que, por tanto tempo, jamais foram observados, escutados, trazidos para o centro da nossa instituição, não avançaremos no sentido de caracterizar o IFBA como uma Rede plural, diversa e horizontal.
UM POUCO DE HISTÓRIA
“Nos primeiros anos da cultura, o movimento não foi intitulado até que Afrika Bambaataa passou a chamá-lo de "Hip Hop", termo originado por Lovebug Starski. Nos anos 70, dez anos antes de ganhar reconhecimento global, o Hip Hop era uma celebração da vida desenvolvendo gradualmente cada um de seus elementos para formar um movimento cultural. Devido à sua energia, dinâmica e seu impulso, a cultura Hip Hop tornou-se, em última análise, a chave para a elevação e modificação.
A partir dos anos 80, a indústria e a mídia do Rap ajudaram a tornar os termos "Hip Hop" e "Rap" sinônimos, deixando de fora os demais elementos incluídos na cultura. À luz desse enorme descuido, a Zulu Nation promove o "quinto elemento" do Hip Hop, que é o CONHECIMENTO, e tenta ativamente educar as massas sobre a história e os elementos fundamentais da verdadeira cultura Hip Hop. Bambaataa declarou: "Quando criamos o Hip Hop, esperávamos que fosse sobre paz, amor, união e diversão para que as pessoas pudessem fugir da negatividade que assolava nossas ruas (violência de gangues, abuso de drogas, auto-ódio, violência entre os descendentes de africanos e latinos). Embora essa negatividade ainda aconteça aqui e ali, conforme a cultura progride, desempenhamos um grande papel na resolução de conflitos e na promoção da positividade." (Green Book da Universal Zulu Nation)
E o que aproxima o IFBA do Movimento Cultural Hip Hop? Entendemos, tal como Afrika Bambaataa, que o Hip Hop “deve ser usado como um veículo para ensinar consciência, conhecimento, sabedoria, compreensão, liberdade, justiça, igualdade, paz, unidade, amor, respeito, responsabilidade e recreação, superação de desafios, economia, matemática, ciências, vida, verdade, fatos e fé”. Referimo-nos a fé, e não a religião. E isso pode ser feito a partir do nosso compromisso institucional, isto é, de uma educação de qualidade que forme um sujeito histórico-crítico e a vinculação com a ciência e tecnologia destinada à construção da cidadania e da democracia (PPI-IFBA).
Respeitar as culturas diversas e entender a multiplicidade de vozes e a importância de ouvi-las nos levam a uma trajetória mais leve. Viva à cultura! Viva à cultura urbana! Viva ao Movimento Cultural Hip Hop!
* Verônica de Souza Santos é professora de língua portuguesa, Chefe de Departamento de Ações Afirmativas do IFBA e Membro da Universal Zulu Nation.