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Arte e cultura surda movimentam campus Salvador

por Henrique Soares publicado: 27/03/2018 14h04, última modificação: 27/03/2018 14h04

Apresentação dos alunos surdos no 1º Festival de Arte e Cultura Surda do IFBA
Apresentação de estudantes surdos no 1º Festival de Arte e Cultura Surda do IFBA

Ta ra ta tá, ta ra ta tá, ta ra ta tá. O som de instrumentos de percussão chama a atenção do que aparentemente parece algo comum numa cidade que respira musicalidade. Na última apresentação do 1º Festival de Arte e Cultura Surda do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), campus Salvador, cada batida produzida por estudantes surdos ia provocando a dança de quem compareceu à Praça Vermelha, na última sexta-feira (23).

O estudante de eletrônica, Gilvan Lima, bolsista do projeto dos Programas Universais, foi um dos que, mesmo com surdez, apresentou aqueles ritmos. “Toda vez que a gente toca as pessoas ficam surpresas. Senti orgulho ao ver as pessoas olhando, boquiabertas, dizendo ‘Oh, o surdo toca’”. Ele aprendeu a percussão com um professor na Associação de Pais e Amigos de Deficientes Auditivos do Estado da Bahia (Apada-BA). “Ele foi falando que a gente era capaz, como os ouvintes também são. Aprendi com esse professor o jeito, fui sentindo o toque, a vibração”, recordou.

Além de Gilvan, também participaram as estudantes do técnico em automação industrial Taís Silva, Jaiana Cerqueira e Valdilene Bispo. Os quatro ensaiaram durante cinco meses. “Os surdos também são capazes de tocar instrumentos. Eles tocaram de maneira harmônica e tranquila. A arte é uma maneira de diminuir as barreiras e aproximar as pessoas”, analisou a tradutora e intérprete de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), Gabriela Mattos, que orientou a proposta. 

Se o festival fosse mais longo, Gabriela garante que seria possível demonstrar que os surdos são capazes de realizar mais atividades artísticas, a exemplo de representações teatrais, pinturas e exposições.

A iniciativa aconteceu nos dias 19, 21 e 23 de março. Além da percussão, também fizeram parte da programação apresentações com músicas, danças e piadas. Para Gabriela, esse foi o primeiro evento aberto em que os surdos participaram ativamente. “Fiquei muito feliz com o resultado”.

Projeto de inclusão e a experiência com surdos

As estudantes Laís Rodrigues e Bianca Argolo, bolsistas do projeto “Promovendo a Inclusão: desenvolvimento de apoio para estudantes com necessidades específicas”, também vinculado aos Programas Universais, aproveitaram o festival para contar sobre a experiência que tiveram nos últimos meses.

Bianca, aluna do técnico em mecânica, recordou que ela e a colega ajudavam colegas surdos nos estudos das disciplinas dos cursos e, em troca, eles ensinavam Libras. “Eu não imaginava que eles eram capazes de tantas coisas. Foi uma coisa incrível descobrir isso. Eu não sabia que eles podiam dançar forró, cantar e tirar tão boas notas”. Ela acredita também que o evento despertará em outros colegas o interesse pelo aprendizado de LIBRAS.

 

Por Henrique Soares - Comunicação - Campus Salvador